Mulheres indígenas lançam cartilha sobre plantas medicinais usadas contra Covid-19 no Rio Negro

Na Foirn – Terra e Cultura

Mulheres Indígenas de várias etnias do Rio Negro lançaram na manhã deste sábado, 20/03, a Cartilha Conhecimento Indígena: Plantas medicinais e receitas usadas contra a Covid-19 no Rio Negro, em iniciativa conjunta da Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (ASSAI) e Instituto Socioambiental (ISA), apoiada pela FOIRN.

A cartilha é fruto de oficina realizada no início de setembro de 2020, idealizada pela indígena Cecília Albuquerque, da etnia Piratapuia, uma das fundadoras da ASSAI. Além de receitas, a obra compartilha depoimentos de conhecedores tradicionais sobre o uso da medicina tradicional na pandemia.

“Nós Indígenas do Rio Negro reforçamos durante a pandemia de Covid-19 em 2020 o valor que a nossa medicina e nossos saberes ancestrais têm. Nós usamos muitos remédios feitos com plantas, cipós, raízes, folhas, tudo tirado dos nossos quintais ou da floresta. Nesse momento de angústia para toda a humanidade, esse conhecimento foi fonte de cura, esperança e resistência diante de uma doença desconhecida que não tem cura”, diz Cecília Albuquerque na apresentação da cartilha. Dona Cecília informa que o saber tradicional é complementar aos conhecimentos científicos: ela já tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19.

No lançamento o Presidente da Foirn, Marivelton Rodriguês Baré destacou a importância da Assai, dos conhecimentos tradicionais no enfrentamento da Covid-19 e elogiou o trabalho desenvolvido pelas mulheres indígenas que fazem parte da associação. “É muito bom o trabalho que a Assai tem realizado, especialmente na produção de cartilha sobre a medicina tradicional. Precisamos destacar, dar visibilidade e valorizar esses conhecimentos indígenas. E a nossa obrigação é apoiar essas iniciativas e trabalhos que nossas associações de base realizam, como é o caso da Assai, que tem feito trabalho exemplar”, disse.

Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígena (DMIRN) e diretora interina da FOIRN, Dadá Baniwa diz que a cartilha é importante para levar conhecimentos tradicionais inclusive a alguns indígenas que já não estão mais fazendo uso dos remédios da floresta. “A FOIRN e do Departamento de Mulheres incentivam o uso de remédios tradicionais em conjunto com as medidas de preventivas. Com essa cartilha fica mais fácil compartilhar esse conhecimento. Mulheres de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos já receberam a cartilha e vão ajudar nesse compartilhamento”, disse.

O conhecedor tradicional Ercolino, da etnia Dessana, ajudou muita gente com benzimentos na primeira e segunda ondas da pandemia. Ele também já tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19. “Com os benzimentos e vacina, a proteção fica mais forte”, diz. Para evitar a terceira onda, ele recomenda evitar aglomerações, tomar a vacina e manter os tratamentos tradicionais.

Dona Ilza da Silva, da etnia Baré, teve a Covid-19 na segunda onda e recomenda a todos que permaneçam tomando os chás. “Parece que a Covid-19 veio para ficar, não vai embora fácil. Então tem que continuar tomando os chás”, diz. Ela é uma das artesãs que compartilhou seus conhecimentos que estão na cartilha.

 A cartilha chega para fortalecer ainda mais a luta contra Covid-19 no Rio Negro. Apesar da chegada da vacina na região, os cuidados como uso de máscaras, lavagem das mãos com sabão e principalmente o uso da medicina tradicional é necessário e deve continuar. 

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