Entrevista de Sônia Guajajara na Espanha sobre acordo Mercosul-UE viraliza nas redes

Por Bruno Calixto, em Luciana Froes/O Globo

Passa de 400 mil visualizações e 12 mil compartilhamentos a entrevista concedida por Sônia Guajajara à organização ambiental Ecologistas en Acción, na Espanha, sobre o acordo Mercosul-UE, em vias de ser apreciado pelo Parlamento Europeu. Em 30 minutos de conversa por Zoom, a líder indígena brasileira pediu que os países europeus não assinem o documento, condenou o uso de agrotóxicos em excesso e defendeu a preservação da Amazônia. 

“O agrotóxico tem matado muita gente ou então adoecido muitas pessoas. Dados comprovam que mulheres grávidas nem chegam a ter seus filhos, que morrem no ventre, vítimas de intoxicação nas grandes lavouras”,  disse ela, que pertence ao território indígena Araribóia.

Entre os principais pontos da entrevista, Sônia também reforçou a importância de uma lei de rastreabilidade de produtos, “evitando, assim, os prejuízos ao meio ambiente e à saúde”.

“O impacto ambiental não chega só para quem está na Amazônia, mas para todo mundo. Nós nunca fomos prioridade para nenhum governo, e agora com o Bolsonaro piora muito. O cuidado com o território indígena beneficia o mundo inteiro. Quando as empresas chegam, elas vêm para destruir as produções locais. Este acordo vai reduzir impostos e entregar estes territórios”, completou.

O acordo prevê que, em dez anos, as tarifas de exportação à Europa sejam zeradas e, em contrapartida, o continente europeu precisa realizar a retirada de 91% das tarifas de exportação que ele faz ao Mercosul, afetando, desta forma, o pequeno produtor latino-americano. 

Produtos como lácteos, queijos, azeite de oliva e manufaturados, hoje comprados dentro do Mercosul, passariam a competir com os produtos europeus que ingressariam sem impostos nos países latino-americanos.

“A União Europeia não deveria assinar este acordo, que vai na contramão de medidas para reduzir os danos ambientais e proteger os pequenos produtores.”

Sônia Bone de Souza Silva Santos, nome civil de Sônia Guajajara, é formada em Letras e em Enfermagem e especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual do Maranhão. Recebeu em 2015 a Ordem do Mérito Cultural.

A líder indígena Sonia Guajajara. Foto: Pedro Ladeira /Folhapress

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