Presidente da CDHM solicita audiência urgente com o governador do Pará para discutir proteção de indígenas do sudoeste do estado

A sede da Associação de Mulheres Indígenas Munduruku- Wakomborum (Amim), em Jacareacanga, no sudoeste do Pará, foi depredada, queimada e saqueada na manhã da última quinta-feira (25/3).

por Pedro Calvi / CDHM

Em nota pública, divulgada logo após o ataque, a Associação denuncia que a ação foi de “pequeno grupo de Munduruku favorável ao garimpo, junto com os demais bandidos pariwat invasores da nossa terra, queimaram nosso escritório, depredaram todos nossos documentos e equipamentos coletivos. Eles já vinham anunciando que iam fazer isso e o poder público local e os demais órgãos competentes nada fizeram para manter a nossa segurança”.

Na sexta-feira (26/3), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Carlos Veras (PT/PE), solicitou ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em caráter de urgência, audiência para discutir as providências imediatas para a proteção do povo Munduruku – Wakomborum. A denúncia do caso foi feita na CDHM pela deputada Vivi Reis (PSOL/PA).

Ofício com o mesmo teor foi enviado para Walame Fialho Machado, secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará.

Outros documentos pedem providências e a apuração do caso para Eduardo Bim, presidente do Ibama; Washington Luis Rodrigues, superintendente do Ibama no Pará; Marcelo Xavier da Silva, presidente da Funai; José Macedo Leal, coordenador regional substituto da Funai/Tapajós; Rolando Souza, diretor-geral do Departamento de Polícia Federal e Wellington Santiago da Silva, superintendente Regional da Polícia Federal.

Conforme notícia do Ministério Público Federal, “a tensão causada pela invasão garimpeira já vinha aumentando com a chegada de grande número de pás carregadeiras à região do igarapé Baunilha, próxima a uma das principais bacias que garantem a vida Munduruku- Wakomborum”.

O MPF informa ainda que, na semana passada, reiterou um pedido feito em 2020 à Justiça Federal para que forças federais fossem obrigadas a atuar com urgência para impedir ataques violentos dos garimpeiros ilegais aos indígenas.

O garimpo

Segundo os dados do IBGE, divulgados pelo site Jornalistas Livres, com imagens da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), a “Terra Indígena Munduruku é uma das regiões com mais expressividade de exploração garimpeira da região amazônica. São 422 pontos de garimpo ilegal, como demonstra o mapa abaixo. A terra indígena convive com atividade garimpeira em diferentes distâncias, sendo a distância mínima de 10 km e a máxima de 198 km”.


Foto: AMIM / Sede da Associação de Mulheres Indígenas Munduruku – Wakomborum (AMIM)​

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