“A indignação não apenas move a ação. Ela é a mãe da dignidade”, escreveu Jamil Chade, no texto “Brasil, indignai-vos”. As associadas e os associados da ABA querem agir indignadamente, como uma forma de ajudar a repor a dignidade de todas as pessoas que morreram por conta da covid-19 no Brasil, pois suas vidas foram e são consideradas descartáveis.
Pessoas que não cessam de, a cada dia, aprender que, aqui, suas vidas valem muito pouco, quase nada. Seu preço, para os governantes ao determinarem um valor pífio como auxílio emergencial, parece ser de 150 reais – oxigênio que durará por pouco tempo. O critério último para as vidas descartáveis parece ser a ocupação plena das UTIs, e/ou dos cemitérios.
Gestores há tempos fazem cálculos para manter equilíbrio, em uma matemática macabra, entre corpos doentes, internados e mortos. O controle estatístico do descarte dos corpos parece que já se impôs. Quantas vagas por dia as cidades conseguem abrir em seus cemitérios? Tal balança virou lugar comum na mídia dos homens razoáveis. Alugar containers parece ser também uma medida necessária para descartar corpos de improviso e sem alarde.
Quais serão as consequências da ausência de ritos públicos de luto? A indignidade se infiltra em nós quando não fazemos da indignação um impulso potente de luta, para que se diga basta de uma vez por todas, diante de mais de 300 mil mortes evitáveis em nosso país. A ABA está de luto e convoca seus associados e associadas à luta.
Pela dignidade. Pela Solidariedade. Não aceitamos vidas descartáveis.
Diretoria da ABA – Gestão 2021/2022.