Garimpeiros e indígena são baleados durante confronto em terra yanomami, de acordo com Hutukara Associação Yanomami

Conflito aconteceu na comunidade Palimiú após chegada de sete embarcações a comunidade; Hutukara Associação Yanomami enviou oficio de urgência aos órgãos federais

Daniel Biasetto, O Globo

Um conflito armado entre garimpeiros e indígenas deixou ao menos cinco pessoas feridas na comunidade de Palimiú, em Roraima, onde fica o território Yanomami. A informação é da Hutukara Associação Yanomami.  De acordo com a entidade, o confronto se deu quando, por volta das 11h30 desta segunda-feira, sete embarcações de garimpeiros atracaram na comunidade e deram início ao ataque contra os índios. Quatro garimpeiros e um indígena, de raspão, foram baleados. Não há informações sobre vítimas. O GLOBO confirmou o ataque com o vice-presidente da Hutukara, Dario Kopenawa Yanomami.

De acordo com Dario, houve tiroteio em conflito aberto “por cerca de meia hora”.

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– As embarcações dos garimpeiros saíram para a proximidade e ameaçaram voltar para vingança – diz Dario.

Em oficio enviado ao Exército, à Polícia Federal, à  Funai e ao Ministério Público de Roraima, a entidade pede aos órgãos que atuem “com urgência para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiu”.

A Hutukara já havia enviado um ofício no último dia 30 de abril para os órgãos federais  sobre a ocorrência de tiroteios entre indígenas e garimpeiros no Palimiú, na subida do rio em direção à base de Korekorema, no rio Uraricoera. Cinco garimpeiros foram expulsos pelos índios após o tiroteio. Mas, conforme o GLOBO apurou, a entidade não obteve retorno.

Procurada, a Funai ainda não se manifestou.

No final de março, O GLOBO mostrou que o garimpo ignorou a pandemia e avançou 30% na Terra Indígena Yanomami em 2020, com 500 hectares devastados de janeiro a dezembro. No total, o garimpo ilegal já destruiu o equivalente a 2,4 mil campos de futebol em todo o território. Pouco ou quase nada se fez para conter os invasores, que já beiram os 20 mil na região. Os dados constam do relatório “Cicatrizes na Floresta: a evolução do garimpo ilegal na TI Yanomami”.

A TI Yanomami é um das sete terras indígenas com a presença de povos isolados à espera de um plano do governo para a retirada de invasores. O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu prazo para que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal apresentem um plano de desintrusão, o que, segundo o ministro Luis Roberto Barroso, já foi apresentado. Completam a lista as terras Karipuna, Uru-EuWau-Wau, Kayapó, Araribóia, Munduruku e Trincheira Bacajá.

Imagem: Garimpo entre os rios Mucajaí e Uraricoera, que dividem a terra indígena Yanomami, em Roraima — Foto: Exército Brasileiro/ Divulgação

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