A Operação Akuanduba marca o auge de um processo iniciado desde o primeiro dia do governo Bolsonaro: a política ambiental, antes tida como ferramenta de combate a ilegalidades, virou ela mesma um caso de polícia. Os jornais Estadão e Valor destacaram em editoriais como a situação de Salles, cada vez mais encrencado na justiça, sintetiza o desastre ambiental promovido por ele e seu chefe, Bolsonaro. Agora, além de responder pelo desmatamento e o desmantelamento da fiscalização ambiental, Salles terá que responder também por corrupção.
Como bem observou Ascânio Seleme, n’O Globo, as encrencas de Salles mostram que os interesses ideológicos são uma máscara para ações menos republicanas. Para ele, ao invés de um ministro conservador nos costumes e liberal na economia, como ele gosta de se pintar, Salles se coloca como um simples corrupto. “O ministro madeireiro pode ser também um criminoso contumaz e um corrupto ordinário”.
Na RFI, a professora Mariana Vale (UFRJ) comentou que o caminho mais digno que o governo federal poderia tomar a essa altura é a exoneração de Salles. Ao mesmo tempo, uma saída dele somente não significaria muita coisa, caso não haja uma mudança substancial da política ambiental – o que é difícil, considerando que Bolsonaro segue fincado na defesa dos interesses antiambientais.
Por falar na eventual saída de Salles, Matheus Leitão ouviu na Veja o advogado mineiro Antônio Claret Jr., especulado por alguns representantes do Palácio do Planalto como uma opção para substituir Salles no MMA. Com um tom bem mais diplomático do que o do ainda ministro, Claret defendeu que o Brasil se coloque como uma liderança na “revolução ambiental mundial”.
Em tempo: Enquanto Bolsonaro ignora a situação de Salles, a pressão política pela saída do ministro segue subindo. Desta vez, o PT apresentou uma queixa-crime ao STF pedindo o afastamento de Salles do cargo, sob a justificativa de que ele poderia interferir nas investigações da PF e constranger eventuais testemunhas. Estadão e Valor repercutiram o pedido.