Enquanto o povo procura comida no lixo, Bolsonaro adia novo auxílio emergencial

No Brasil de Fato

Hoje o Bolsa Família chega à maioridade, mas quem depende dele para sobreviver não tem muito o que comemorar. Criado em 20 de outubro de 2003, completa hoje 18 anos ao longo dos quais contribuiu para transformar realidades. Entre seus resultados, estão até a redução do déficit de estatura de crianças, que cresciam menos por causa de dificuldades de acesso à alimentação. O Bolsa aumentou os índices de vacinação, o acesso à educação, reduziu desnutrição e conseguiu até avanços para a vida de mulheres que antes viviam em dependência financeira, já que elas são as principais titulares do cartão. Isso com 0,5% do PIB.

Mas falávamos de ameaça. Com objetivos pouco claros, Jair Bolsonaro propõe a substituição do Bolsa Família por um novo programa mais complexo e menos eficiente, que pode deixar de fora famílias que precisam do benefício.

E nem isso avança. O anúncio do tal Auxílio Brasil era esperado para a tarde de ontem (19), mas foi adiado em cima da hora e não há nova data de lançamento. Enquanto isso, o povo passa fome e economistas indicam que os preços não vão parar de subir.

O Brasil, aliás, começou mais uma semana com imagens revoltantes de brasileiros procurando comida no lixo de um supermercado em Fortaleza (CE). As imagens geraram revolta nas redes sociais e foram logo comparadas às fotos do filho 02 do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, vestido de ‘sheik’ em Dubai.

Se o governo não faz, os movimentos populares seguem em luta por comida no prato. Campanhas de solidariedade seguem doando toneladas de alimentos. Sem ajuda do governo, o que resta é o incentivo internacional. O MST receberá, na próxima sexta-feira (22), o prêmio Esther Busser Memorial Prize, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por atuação na garantia de condições dignas para a população.

Discurso golpista

As prioridades do governo Bolsonaro realmente são outras. Levantamento exclusivo feito pelo Brasil de Fato mostrou que o Estado Brasileiro enviou 41 militares para treinamentos no Instituto de Cooperação em Segurança do Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Defesa dos EUA. Lá foram treinados os ex-militares da Colômbia acusados de assassinar o presidente do Haiti, Jovenel Moïse. Para pesquisadora, envio de oficiais para a escola pode ter relação com discurso golpista do presidente. Leia aqui.

CPI parou o genocídio?

Para os senadores, sim. A semana que começou com comemoração dos parlamentares que celebravam o fim da CPI e garantiram que ela “não acabaria em pizza” teve uma reviravolta com o vazamento do relatório à mídia corporativa. O resultado? As acusações de genocídio e homicídio geraram crise na reta final da CPI da Covid: dos 11 crimes de Bolsonaro que seriam apresentados, genocídio da população indígena e homicídio foram retirados. Sem consenso, Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou hoje o relatório final da CPI da Covid. Na semana que vem as sessões devem continuar com as propostas de alteração do texto.

Leia aqui a íntegra do relatório.

Imagem: Mercado financeiro torceu o nariz para o novo auxílio; os famintos que aguardem – Fotos: Scarlett Rocha

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