A imagem que mostrou ao Brasil e ao mundo a dimensão do garimpo de ouro na Amazônia se desfez, mas a atividade ilegal continua. A parte das balsas que se juntaram em um trecho do Rio Madeira nos últimos dias que não foi destruída pela Operação Uiara está se dispersando, mas seguindo para outros pontos do rio, conforme informam Raphael Veleda e Igo Estrela no Metrópoles.
Em matéria de Nádia Pontes para o DW, Danicley de Aguiar, do Greenpeace, faz uma pergunta muito importante: “Qual vai ser a posição das autoridades federais agora? Os garimpeiros saem do lugar e fica tudo bem?” Afinal, como ressalta um documento do Ministério Público Federal do ano passado, “os índices de ilegalidade na atividade são alarmantes. O ouro, ativo financeiro de enorme importância estratégica para as finanças nacionais, esvai-se pelas fronteiras com pouco ou nenhum controle das agências públicas, ao mesmo tempo que recursos hídricos são contaminados por mercúrio e parcelas da floresta são postas abaixo na busca por novos veios, e o tão prometido desenvolvimento econômico não chega.”
Ricardo Noblat faz outras perguntas importantes no Metrópoles: “Por que as milícias de garimpeiros que devastam os rios em busca de ouro e mantêm ligações com o narcotráfico não foram alvo imediato de ação repressiva? Por que Bolsonaro não promove investigações contra os líderes dessas organizações criminosas, muitos ex-policiais, muitos ligados à política local?” Noblat afirma no artigo que “passou da hora de Bolsonaro acordar. Ele precisa dar sinais inequívocos de que deixará de acobertar os crimes praticados à luz do dia, de forma escancarada e provocativa, por garimpeiros.”
Nosso conselho para o querido Noblat: procure uma cadeira confortável, espere sentado.
A revista National Geographic traz uma matéria sobre as ameaças do garimpo ao rio Madeira. O Nexo publicou dados que montam um quadro impressionante do volume do garimpo ilegal naquele rio.
Em tempo: A deputada-relatora do PL do Código da Mineração propõe que a mineração seja considerada “essencial à vida humana” e de “utilidade pública”. Na Folha, Cristina Serra afirma que, “se é tão essencial, o projeto deveria aperfeiçoar o controle por parte do Estado, não afrouxá-lo”. Enquanto, no Valor, Guilherme Meirelles escreve sobre as discussões no campo legal e ideológico que impedem consenso sobre “um tema que o Congresso precisa decidir e que pode afetar o Brasil lá fora.”