Pressionada pela luta dos trabalhadores nas UBSs, prefeitura libera contratação de 1,5 mil médicos e pagamento de horas extras. Movimento pede garantias. Manifestação nesta segunda pode ser decisiva
por Gabriela Leite, em Outra Saúde
A luta por condições dignas aos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde no município de São Paulo deu novos passos adiante na última semana – que podem ser ampliados com uma manifestação unificada marcada para hoje. Na última quinta-feira (27/1), durante a audiência de conciliação entre o Simesp (Sindicato de Médicos de São Paulo) e a Secretaria Municipal de Saúde, a prefeitura fez um anúncio que se aproxima do que era reivindicado pelo movimento: a liberação de orçamento para contratação de 1.539 médicos, garantia do pagamento de horas extras e reabertura da mesa de negociação para apresentar um balanço semanal dos contratados.
O cenário que mobilizou manifestações entre profissionais da Saúde em São Paulo se repete Brasil afora. UBSs e postos de saúde lotados com a nova onda de covid provocada pela variante ômicron, falta de insumos e medicamentos básicos para o tratamento, trabalhadores exaustos, milhares afastados após terem contraído covid. A prefeitura de São Paulo já havia anunciado a abertura de 280 vagas para médicos e enfermeiros, o que a categoria via como insuficiente. Mas mesmo após a última audiência, o Simesp continua insatisfeito com o que foi oferecido.
O Sindicato avalia que falta comprometimento com os prazos para o cumprimento das contratações, e não enxerga comprometimento por parte da prefeitura: “Promessas similares vêm desde 2021, mas no último ano houve um déficit profissional ainda maior”, diz a nota publicada em seu site. A prefeitura afirma que seguirá com as contratações. Em um movimento pouco usual entre os trabalhadores da Saúde, foi convocado um ato unificado por diversos sindicatos. Acontecerá a partir das 17h de hoje, em frente ao prédio da prefeitura. Se somarão aos médicos – considerados o elo mais forte da categoria – enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, farmacêuticos, entre outros.
Na avaliação de alguns profissionais ouvidos pela reportagem, apesar de as negociações terem avançado bastante, o movimento dá alguns sinais de desmobilização. Os médicos, que são quem poderia fortalecer mais uma possível greve, estão menos ativos. As assembleias das outras categorias, como a dos enfermeiros, foram esvaziadas. Há de se esperar a manifestação de hoje à tarde, para entender qual será a magnitude do movimento daqui em diante.
–
Foto: Simesp