Depois do desmantelamento dos órgãos ambientais, Mourão reclama de “pouca gente” para combater desmatamento

ClimaInfo

Primeiro, o governo desmantela os órgãos ambientais. Depois, reduz os fiscais de campo, substituindo-os por militares sem conhecimento da matéria. Chega a comemorar a redução de 80% nas multas. Mas depois reclama da falta de pessoal para combater o desmatamento na Amazônia. Parece piada, mas este é o roteiro do governo Bolsonaro.

Desde 2019 o atual governo tem promovido o mais grave retrocesso ambiental da história do país. No final do ano passado, o próprio presidente comemorou a falta de fiscalização ambiental. Mas ontem (8/2), como se não fizesse parte do governo, o vice-presidente do país e líder do Conselho Nacional da Amazônia, general Hamilton Mourão, atribuiu “o pior janeiro do governo” à falta de pessoal para combater o desmatamento. A epifania vice-presidencial foi notícia no g1MetrópolesAntagonista e TV Cultura.

Mesmo sem os dados completos, os alertas do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), somaram 360 km² – o maior número registrado para janeiro desde o começo da série histórica em 2015. O primeiro mês de 2022 segue a toada do ano passado que, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), registrou a maior área desmatada na Amazônia dos últimos 14 anos.

Em tempo: A situação da Amazônia certamente seria diferente se o governo Bolsonaro não tivesse travado R$ 2,9 bilhões em recursos no Fundo Amazônia. [Foi] “o Brasil que descumpriu as regras. A bola não está com a Noruega e com a Alemanha. Está com a gente”, explicou Tasso Azevedo, do MapBiomas, em live do Valor realizada na segunda (7/2) e reportada em matéria de Daniela Chiaretti, na qual também é possível conferir o vídeo da conversa. Criado em 2008, o Fundo Amazônia era o maior programa de pagamentos por serviços ambientais do Brasil, financiando projetos de combate ao desmatamento até ser paralisado, em 2019, quando o governo Bolsonaro quis impor mudanças sem conversar com os financiadores – Noruega e Alemanha.

Brasil registrou crescimento de 9,5% no desmatamento ilegal na Amazônia em 2020 (Foto: Ibama)

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