Elifas Andreato, Presente! Sempre!

Tania Pacheco

Durante muitos anos, Elifas Andreato era o artista imediatamente lembrado quando, no Teatro, na Música ou na Literatura, um desafio seria lançado contra a censura, contra a ditadura. Capas de livros, de elepês e, acima de tudo, cartazes de peças teatrais. Dentre esses últimos, recordo salvo erro “Murro em ponta de faca”, de Augusto Boal, cujo cartaz teve de ser refeito, vetado pelos censores. O pau de arara foi proibido, mas estaria presente, tempos depois, em “Mortos sem sepultura”.

Durante muito tempo colecionei os cartazes de peças teatrais desenhados por Elifas. A vida de alguma forma os roubou de mim. E roubou, igualmente, um que tinha um significado especial: o desenho de Elifas para a encenação e a capa do livro de uma peça minha – “Se chovesse vocês estragam todos” -, escrita em parceria com Clovis Levi.

Elis, Chico, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus foram alguns dos cantores e compositores iluminados pela sua arte. Uma rápida pesquisa no Google mostra a quem desejar fotos de ene trabalhos seus. Valeria, sem dúvida, que os Correios (hoje sob ataque) refizessem a exposição “Elifas Andreato, 50 anos”, de 2015, para que mais gente tivesse a chance de conhecer os trabalhos desse brasileiro incrível que nos deixou hoje.

Opto, entretanto, por fazer aqui a minha homenagem através de um vídeo com o qual Elifas registrou, ao longo de três meses (agosto a novembro de 2012), o desafio, como ele mesmo diz, de desenhar – na vertical, ao contrário de seus hábitos – o painel para a Comissão da Verdade: “uma encomenda que eu considero do País, da verdade ainda que tardia…”, “para que isso nunca mais se repita no Brasil”.

É ele que comenta:

“Eu tive medo, sim. Mas nunca deixei de fazer o que a história me pediu pra fazer. E nunca deixei de fazer aquilo que me parecia necessário fazer. (…) Eu fiz o que eu tinha que fazer, da maneira que eu sei fazer.”

São 46 minutos. Muito para muita gente, hoje. Mas juro que vale. Ainda mais no momento que estamos vivendo!

Obrigada, Elifas, Companheiro.

A Verdade ainda que tardia, de Elifas Andreato

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