Projeto de usina solar fotovoltaica flutuante será implementado com participação e controle social dos atingidos e beneficiará famílias dos Vales do Jequitinhonha e Rio Pardo
por Coletivo de Comunicação MAB MG
Após dois anos de luta e articulação dos atingidos por barragens de Minas Gerais, no último dia 13 de abril, a Companhia Energética de Minas Gerais S.A – CEMIG informou oficialmente a retomada das atividades Projeto Veredas Sol e Lares. A iniciativa prevê a construção de uma usina flutuante de geração de energia solar com controle popular em Grão Mogol, no semiárido mineiro.
Idealizada a partir de um Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a usina faz parte do Plano de Recuperação e Desenvolvimento de áreas e territórios atingidos por barragens no Vale do Jequitinhonha. O novo prazo de entrega da obra, de acordo com a Cemig, é março de 2023. Segundo a coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, essa é uma grande conquista dos atingidos, porque prima, desde sua proposição, pela participação popular na produção de energia.
O projeto foi assinado em 08 de março de 2018, tendo como entidade proponente a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), como financiadora, a CEMIG como financiadora e a Efficientia S.A., a PUC Minas e a Axxiom Tecnologia e Inovação como parceiras executoras.
Além da instalação de uma Usina Solar Fotovoltaica (USFV) sobre o lago da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Marta, o projeto também prevê a construção de uma metodologia de participação social na região. Para isso, haverá atividades de capacitação técnica profissional da comunidade, levantamento de princípios e diretrizes para o desenvolvimento local a partir da produção de energia elétrica fotovoltaica e a construção de um marco regulatório e um modelo de gestão focado na geração distribuída.
A geração de energia da usina será destinada a 1.250 famílias inseridas em 21 municípios do Vale do Jequitinhonha e Rio Pardo, totalizando uma abrangência de aproximadamente 4000 pessoas diretamente beneficiadas.
Desde o início do projeto, em 2018, houve várias ações relacionadas ao projeto, como as formações com os pesquisadores sobre a educação popular para o desenvolvimento de metodologias participativas e realização de um diagnóstico social.
Entre 2020 e 2021, entretanto, o projeto sofreu uma interrupção de suas ações, devido a entraves políticos. Ainda assim, os atingidos seguiram em luta pela retomada das atividades: realizaram atos simbólicos na CEMIG e audiências públicas, entre outras ações.
“Depois de todo esse processo de luta e de resistência, é momento de celebrar essa grande conquista. Queremos agradecer a todos os deputados, às entidades parceiras que acreditaram e acreditam que é possível a construção de processos que tenham o protagonismo popular no setor energético”, afirma a coordenação do MAB.