A explosão do desmatamento nos últimos três anos colocou em risco áreas que, até então, registraram pouca ou nenhuma destruição florestal na Amazônia e no Cerrado. Os dados de satélite mostram como o problema se tornou mais generalizado sob o atual governo federal: em 2019, o MapBiomas identificou alertas de desmate em 1.734 municípios brasileiros (31,1% do total); dois anos depois, esse número saltou para 2.889 (51,9%). Nesse período, mais de 61% dos municípios do Brasil tiveram pelo menos um foco de desmatamento detectado.
“Ampliou o número de municípios com desmatamento, a área média de cada desmatamento cresceu e a velocidade de cada desmatamento cresceu. Se a velocidade aumenta e a área aumenta, há uma sinalização de que tem impunidade em curso”, explicou Tasso Azevedo, do MapBiomas, a Giovana Girardi na Folha.
Duas áreas se notabilizaram como novas fronteiras do desmatamento nos últimos anos: os limites entre Amazonas, Acre e Rondônia (região conhecida pela sigla AMACRO), na Amazônia, e entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (região conhecida por MATOPIBA), no Cerrado. No primeiro caso, a perspectiva de reconstrução da BR-319 é o principal vetor da destruição recente, o que pode se tornar ainda mais destrutivo caso a obra saia efetivamente do papel. Já no segundo, a pressão do agronegócio atropela áreas até então intocadas do Cerrado, beneficiada pela omissão do poder público estadual na fiscalização e na concessão de licenças.
Como Carlos Madeiro apontou no UOL, o MATOPIBA vem registrando taxas crescentes de desmatamento: só no ano passado, a região respondeu por 23 de cada 100 km2 desmatados. A expansão do agro tem causado não apenas destruição ambiental, mas também conflitos fundiários com Comunidades Tradicionais e Povos Indígenas, que estão sendo expulsos de suas terras com violência.