O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, constatou a derrubada de 10.781 km² de floresta, área equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo, entre agosto de 2021 e julho de 2022. Estes meses foram escolhidos como marco do calendário do desmatamento no Brasil por conta da distribuição da cobertura de nuvens ao longo do ano.
O total da destruição detectado pelo SAD no período é bem maior que o divulgado pelo DETER-INPE 2022 (8.590 km²). A discrepância, segundo explicação feita pelo Imazon ao g1, vem dos satélites usados pela organização serem mais refinados que os usados pelo sistema DETER, por serem capazes de detectar áreas devastadas a partir de um hectare, enquanto os alertas do INPE levam em conta áreas maiores que três hectares.
É a segunda vez consecutiva na qual o desmatamento da Amazônia Legal passou dos 10 mil km² no período. Somadas, as áreas destruídas nos últimos dois períodos chegam a 21.257 km², quase o tamanho do estado de Sergipe. É também a quarta vez consecutiva na qual a devastação atingiu o maior patamar desde 2008, quando começou o monitoramento pelo SAD.
Os estados top 3 do desmatamento são o Pará (3.858 km²), o Amazonas (2.738 km²) e o Mato Grosso (1.620 km²). Rondônia (1.312 km²) e Acre (865 km²) ocuparam a quarta e a quinta posição.
Ressalte-se que 36% do desmatamento nos últimos 12 meses aconteceu na região batizada como AMACRO, formada por 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia, onde a expansão do agronegócio derrubou quase 4 mil km². Para se ter uma ideia da velocidade do desmatamento nesta região, enquanto o desmatamento cresceu 3% na região amazônica, a alta foi de 29% na área de AMACRO.
Metrópoles, Carta Capital e CBN repercutiram os dados do Imazon.
Em tempo 1: O MP recorreu de uma decisão judicial que anulou o decreto de criação do Parque Cristalino II, no Mato Grosso; no meio tempo, 875 hectares foram desmatados. No último sábado foram identificados focos de incêndio na área do parque. A Folha informa que o Cristalino II sofre pressões de proprietários de terras que registram como áreas privadas terrenos dentro da Unidade de Conservação. Segundo Edilene Amaral, consultora jurídica do Observa-MT (Observatório Socioambiental de Mato Grosso), existem 44 propriedades privadas registradas dentro dos limites do parque, das quais 11 ainda estão com cadastros ambientais ativos.
Em tempo 2: Sob Bolsonaro, as invasões de Terras Indígenas bateram recorde e cresceram 212%, relata o Observatório do Clima. Foram 305 casos em 2021, um recorde segundo um relatório divulgado ontem (17/8) pelo Conselho Indigenista Missionário, o CIMI. A média anual de invasões durante o governo atual foi de 275 casos, 212% a mais que a média anual de 88 registrada nos três anos anteriores à atual gestão (2016-2108). O CIMI também registrou um recorde de assassinatos e de suicídios de indígenas no atual governo.