Eleições 2022: Amazonas, Pará e Maranhão registram compra de votos

por Wérica Lima e Érika Morthy, em Amazônia Real

Manaus (AM) e Belém (AM) Nos nove estados da Amazônia Legal, as eleições de 2022 transcorreram de forma tranquila nas zonas eleitorais, com os brasileiros saindo em massa de casa para exercer o direito de escolher os candidatos para Presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas. No entanto, houve registros de suspeitas de crimes eleitorais em alguns estados. No Amazonas, onde haverá disputa de segundo turno, e no Maranhão os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) registraram as situações mais graves, como compra de votos e ameaças de morte a eleitores.

No Amazonas, a Polícia Federal apreendeu dinheiro em espécie e em cheques entre os dias 27 de setembro até este domingo em várias cidades. O total apreendido chegou a 203.060 reais destinados à compra de votos nas eleições, além de interceptar um barco com eleitores em Parintins e de encerrar uma festa com aliciamento de adolescentes no município de São Paulo de Olivença, na região do Alto Solimões. O valor mais alto apreendido foi 80 mil reais em dinheiro vivo com pessoas ligadas a um candidato no município de Tefé. O segundo foi 61 mil reais, quantia em espécie que estava com uma passageira, irmã de uma candidata a deputada estadual dentro de um avião no aeroclube de Manaus e destino a cidade de Anori.

Em outra ação da PF, mais 34 mil reais foram apreendidos com um irmão de um candidato a deputado federal na capital amazonense. Em Barreirinha, mais de 20 mil reais foram encontrados em folhas de cheques de 120 reais cada, além de celulares e documentos com listas de eleitores. Outros 2.500 reais em espécie foram apreendidos em Manacapuru. Houve pequenos flagrantes de compra e votos em Carauari. Mais de 20 pessoas foram detidas. As investigações estão em sigilo, por isso os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

No total, 112 voos e 637 passageiros foram fiscalizados no aeroclube e 22 embarcações no porto de Manaus e mais de 24 mil passageiros. Em coletiva à imprensa no TRE, o delegado Fábio Pessoa, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da PF no Amazonas, disse que a fiscalização foi ostensiva. “Fizemos um pente fino, chegaram muitas denúncias de transporte de eleitores e compra de votos que redundaram nas apreensões que fizemos durante a semana. Aprendemos uma embarcação com eleitores e destino de Manaus para Parintins, essa foi uma das ações que bombaram no Whatsapp, foi o Top 1 da Polícia Federal”, afirmou o delegado, explicando que recebeu a denúncia de transporte irregular da Polícia Militar e um inquérito foi aberto para investigar o crime eleitoral.

Em Carolina, no Maranhão, a Polícia Civil prendeu o presidente do Partido Liberal (PL), Marcelo Campelo, por acusação de tentativa de homicídio após atirar contra o carro de supostos adversários políticos. O ataque aconteceu na noite de sábado (1º) quando o carro passou em frente ao comitê do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o site G1, três pessoas estavam dentro do carro atingido pelos tiros, mas não houve feridos. A reportagem da Amazônia Real não localizou um representante do PL ou o advogado de Campelo para falar sobre o caso.

No Pará, a PF registrou quatro ocorrências envolvendo compra de votos e descarte de material de propaganda eleitoral nos municípios de Belém, Ananindeua, Santarém e Altamira. A Polícia Civil paraense registrou 37 ocorrências até as 13 horas de domingo. Houve registro de descarte de material de propaganda (“santinhos”) de candidato em via pública, compra de votos, transporte irregular de eleitores, promoção de comício após horário autorizado nos municípios de Senador José Porfirio, Ponta de Pedras, Oriximiná, Capitão Poço, Bragança, Parauapebas, Tucuruí, Vigia, Ourilândia do Norte e Uruará, Castanhal, Bannach, Tomé-Açu. Houve ainda a apreensão de 29.850 reais em espécie e material de campanha, em Santa Maria do Pará.

Clã Barbalho

No Pará, Maria José Jardim de Azevedo, de 80 anos, foi uma das 455.027 pessoas que exerceram seu direito de voto, apesar de ser facultativo para ela. À reportagem da Amazônia Real, ela afirmou que esta foi a última vez que iria votar, mas o fez desta vez por querer um País melhor. A viúva com sete filhas quer poder viajar, dançar e adotar o lema “antes só do que mal acompanhada”. Ela preferiu não revelar seus candidatos.

Outro eleitor que fez questão de comparecer às urnas, apesar de não ser mais obrigado, foi o senador Jader Barbalho, pai do governador Helder Barbalho (MDB). Prestes a completar 78 anos, Barbalho votou no bairro de São Brás, em Belém. À reportagem, declarou, em tom de malícia: “Apesar de ser um iniciante em votações, um estreante em votações do Estado, vou votar com muito entusiasmo e na expectativa de que o resultado dessas eleições seja muito bom para o Brasil. O Brasil está precisando com urgência de um governo bom e que efetivamente esteja à altura das expectativas do povo brasileiro”.

No Pará, Jader zela por sua herança política, agora nas mãos de Helder Barbalho (MDB), mas também encampada pelo irmão do governador, Jader Filho, presidente do MDB no Pará e diretor presidente do jornal Diário do Pará. “O governador Helder, ao longo do seu primeiro mandato, soube respeitar as diferenças entre os partidos. Se você for ver, dentro da coligação do governador Helder, o MDB tem candidato a presidente, Simone Tebet; tem o caso do PDT, que tem o Ciro Gomes; tem o PT, que tem o presidente Lula; e você tem apoiadores dentro da própria coligação que fizeram opção pelo presidente Bolsonaro”, afirmou Jader Filho, que acompanhou o pai na votação.

No Pará, o governador Helder Barbalho (MDB) foi reeleito com a maior votação proporcional entre os Estados da região.A coligação “Pra seguir em frente”, liderada pelo MDB, inclui PSDB, Cidadania, PT, PC do B, PV, PP, PSD, Republicanos, Avante, Podemos, União, DC, PTB e PSB. Em 2018, o partido do então candidato Jair Bolsonaro, o PSL, fazia parte da coligação que elegeu Helder Barbalho, integrou seu governo e depois rompeu a aliança. Quem segurou o bastão bolsonarista na disputa pelo governo do Pará foi o senador Zequinha Marinho (PL), que ficou em segundo lugar neste domingo. (Colaborou Kátia Brasil)

Votações ocorreram com episódios pontuais de crimes eleitorais, como boca-de-urna, apreensão de dinheiro e até comício de vésperaNa imagem acima, a enfermeira Edilene Kokama na fila de votação nas Faculdades Nilton Lins em Manaus, em meio aos eleitores bolsonaristas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

 

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