Indígenas temem novos ataques depois de soltura de suspeito por mortes de Bruno e Dom

ClimaInfo

Lideranças indígenas do Vale do Javari estão apreensivas pela soltura de Ruben Dario da Silva Villar, o “Colômbia”, acusado de ser o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips em junho passado. O suspeito foi solto na última 6ª feira (20/10) por determinação da Justiça Federal do Amazonas depois de pagar R$ 15 mil de fiança.

“Solto, esse sujeito é uma ameaça a todos os que têm denunciado o consórcio entre pesca ilegal e narcotráfico na região”, lamentou ao Globo Fernando Vianna, da entidade Indigenistas Associados (INA), que acompanha o caso. Representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) também expressaram preocupação com a soltura e com a lentidão das investigações sobre as mortes de Bruno e Dom.

Do ponto de vista legal, a decisão por libertar “Colômbia” é tida como justificada, já que a acusação contra o suspeito é de “associação criminosa”, o que dificilmente resultaria em detenção em regime fechado no caso de condenação. No entanto, mesmo com as restrições impostas pela Justiça ao acusado – como uso de tornozeleira eletrônica e a entrega do passaporte – existe a possibilidade de ele fugir do país para escapar do processo.

Ainda no Javari, a Folha conversou com o indigenista Carlos Travassos, que assumiu o trabalho deixado por Bruno na UNIVAJA para vigilância do território indígena. Colega dos tempos de FUNAI, Travassos quer levar adiante o legado deixado por Bruno e ajudar os Povos Indígenas da região a resistir aos invasores. “Se estão achando que vão enfraquecer a gente, vamos ficar mais fortes”, disse.

Em tempo: Um agente do IBAMA de Rondônia acabou tendo sua cabeça colocada a prêmio por garimpeiros do rio Madeira depois de uma operação da Polícia Federal – a despeito de ele não ter participado dela. Segundo O Globo, o fiscal teve dados pessoais vazados a garimpeiros, que passaram a fazer ameaças de morte. A situação ficou tão dramática que ele teve que recorrer à segurança privada, paga do próprio bolso, para garantir sua integridade física. “Nunca vivi nada nem parecido. Nunca havia precisado de segurança”, afirmou.

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