A temporada de chuvas no Brasil nem começou direito e o cenário já é bastante preocupante. Diversos estados brasileiros sofrem com inundações e deslizamentos de terra desde o final de novembro, e a perspectiva para o verão é de mais chuvas fortes. Tudo isso coloca pressão adicional sobre a infraestrutura urbana, despreparada para lidar com o clima extremo.
Mesmo assim, investir em adaptação climática é apenas uma parte da resposta. Para enfrentar esse problema de verdade, precisamos de medidas de infraestrutura acompanhadas de ações de longo prazo para combater a pobreza, o que passa também por políticas de habitação mais efetivas.
“Se nos perguntarmos ‘como chegamos aqui’, temos uma população grande morando em áreas de morro, margens de rio e áreas públicas. As pessoas têm medo de deixar suas casas por conta de saques. Precisamos melhorar as condições de vida, [e] isso é trabalho dos governos federal, estadual e municipal”, defendeu a professora Maria do Carmo Sobral, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), à Folha.
Episódios recentes, como as chuvas no Espírito Santo e em Santa Catarina, mostram que essa resposta integrada é urgente no caso brasileiro. A expectativa é de que a população afetada por enchentes e deslizamentos de terra possa dobrar ou mesmo triplicar nas próximas décadas, em decorrência da intensificação de tempestades mais fortes no país.
“No Brasil, os impactos históricos das fortes chuvas nas cidades são cíclicos, racistas, desiguais e estruturais”, destacaram Daniela Costa e Rodrigo Jesus, do Greenpeace Brasil, em artigo no Correio Braziliense. Os efeitos das chuvas são mais sentidos, principalmente, “por uma parcela da sociedade que, historicamente, é a mais afetada pela degradação do meio ambiente: mulheres, pessoas negras, periféricas, comunidades tradicionais e povos originários, que vivem em áreas de risco e situação de vulnerabilidade nas áreas urbanas”.
Em tempo: O Senado aprovou na última 3ª feira (13/12) uma proposta de emenda constitucional que reduz a alíquota do IPTU para imóveis urbanos que preservem vegetação nativa de forma integral ou parcial. O projeto também prevê descontos para imóveis que usem energia renovável e aproveitem águas pluviais. Agora, a proposta segue para análise da Câmara dos Deputados. A notícia é da Folha.