Entidades discutem violência contra jornalistas com governo federal

Na Abraji

Diante dos atos criminosos, golpistas e terroristas das últimas 24 horas, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF) se reuniram, nesta segunda-feira (9.jan.2023), com o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta. Em pauta, o ataque de extremistas bolsonaristas a jornalistas durante a cobertura da invasão aos Três Poderes, em Brasília, e dos desmontes de acampamentos em frente aos quartéis, em várias cidades brasileiras.

Dados preliminares levantados por várias organizações que atuam em conjunto em defesa da liberdade de imprensa, como a Abraji e a Fenaj, registraram 13 ataques somente em Brasília, durante a cobertura da mobilização de bolsonaristas no domingo (8.jan.2023), incluindo o acompanhamento dos atos de vandalismo e saques na praça dos Três Poderes. Outros dois episódios, também no domingo, foram registrados em São Paulo e no Paraná.

Nesta segunda-feira (9.jan.2023), quando as equipes tentavam cobrir a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de desmontar acampamentos bolsonaristas, 11 agressões chegaram ao conhecimento da Abraji, totalizando 26 episódios de grave violência e atentado à liberdade de imprensa em menos de 48 horas.

O número se soma ao clima criado por bolsonaristas radicais contra jornalistas, principalmente após o processo eleitoral. Segundo o monitoramento da Abraji e da Fenaj, desde o fim do segundo turno e até o sábado (7.jan.2023), ao menos 78 casos de ataque já haviam sido identificados, entre hostilização, agressões físicas, ameaças, destruição de equipamentos, além de atentados graves à sede de dois meios de imprensa em Rondônia.

O conselheiro fiscal da Abraji Guilherme Amado representou a entidade no encontro, organizado por mobilização da própria Secom:

“A iniciativa da Secom é inédita e bem-vinda. O ministro Paulo Pimenta afirmou que pediria ao presidente Lula que falasse ao país em defesa da liberdade de imprensa e da segurança do exercício profissional. Isso é fundamental. Depois de quatro anos com o chefe do Executivo atacando jornalistas, será muito importante que o novo governo acene na direção do respeito ao nosso trabalho”, afirma Amado.

A Secom também se comprometeu a pedir ao presidente uma articulação com os governadores para estabelecer ação conjunta de enfrentamento ao problema, e recomendar que as forças de segurança respeitem o trabalho da imprensa. “Há relatos de muita hostilidade da polícia de Brasília contra os repórteres que cobriam o caso”, pontuou  Amado. A reunião teve a participação de João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secom, além de alguns jornalistas agredidos durante o atentado contra a democracia brasileira.

Para Bia Barbosa, coordenadora de Incidência da RSF para América Latina, é  fundamental que “o governo tenha aberto essa rápida interlocução com os jornalistas agredidos e as entidades de defesa da liberdade de imprensa, e que tenha assumido o compromisso de dar especial atenção à identificação dos agressores dos jornalistas”. Para ela, “as autoridades brasileiras precisam transformar o clima de hostilidade contra a imprensa que perdurou no governo Bolsonaro”.

Imagem: Registro do encontro com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República – Foto: Abraji

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