Garimpo na Terra Yanomami promovia exploração sexual de adolescentes

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A Polícia Federal (PF) resgatou na última 3ª feira (14/3) uma adolescente de 15 anos sequestrada por um grupo de garimpeiros na Terra Yanomami, em Roraima. De acordo com a jovem, os criminosos a obrigaram a se prostituir, sendo forçada a fazer até 16 programas por noite.

Ela teria sido atraída por promessas de pagamento de até R$ 5,8 mil para trabalhar como cozinheira para os garimpeiros. Em fevereiro, já durante as operações do governo federal para retirada de invasores da Terra Yanomami, a jovem foi levada de Boa Vista, onde mora, até a região de Walopali, dentro do território indígena.

“Eles a obrigaram a ir para os cabarés, inúmeros, lá dentro. E [disseram] que se ela não fosse, iriam deixá-la rodada, como costumam dizer. Não iriam pagá-la, ainda corria o risco de ser assassinada”, afirmou o conselheiro tutelar Franco Rocha, que acompanhou o resgate feito pela PF, ao g1.

Além da adolescente, os agentes da PF também encontraram outras mulheres na mesma condição de exploração sexual. Não há informação de qualquer prisão associada ao caso até o momento. CNN Brasil e Folha também abordaram essa notícia, que se soma às denúncias já realizadas sobre exploração sexual de indígenas.

Os abusos a adolescentes e mulheres é uma das muitas facetas terríveis da crise humanitária dos Yanomami. Outra foi alvo da comissão temporária do Senado Federal que investiga a situação: nesta 5ª feira (16/3), os senadores ouviram representantes indígenas e do Ministério Público Federal sobre o desvio de vacinas contra o coronavírus destinadas aos indígenas – grupo prioritário para receber os imunizantes. O líder indígena Júnior Hekurari Yanomami reafirmou a denúncia feita pela Hutukara Associação Yanomami de que servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) teriam trocado doses para garimpeiros em troca de ouro.

“Houve essa troca de vacina de coronavírus por ouro. Trocaram 20, 15 gramas em troca de cada vacina. Têm garimpeiros casados com Yanomamis, e eles confirmaram que os profissionais venderam a vacina de coronavírus para os garimpeiros”, disse Júnior, citado pelo Metrópoles.

Já o procurador da República Alisson Madrigal disse que a omissão do governo Bolsonaro contribuiu diretamente para o agravamento da situação dos Yanomamis, e destacou que as ações recentes de combate ao garimpo no território reduziram a atividade em pelo menos 80%. A notícia é da Folha de Boa Vista.

Em tempo 1: Outra consequência positiva da ação federal de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami foi a redução de área queimada no local. Dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, indicaram uma queda de 62% nos registros de janeiro e fevereiro em comparação com o mesmo período no ano passado: foram queimados 211 hectares nos dois primeiros meses de 2023, bem abaixo dos 557 ha registrados em janeiro e fevereiro de 2022. A Agência Brasil deu mais informações.

Em tempo 2: O empresário Rodrigo Martins de Mello, vulgo “Rodrigo Cataratas”, foi multado pelo IBAMA em R$ 5 milhões em fevereiro. Em uma ação na região de Amajari, em Roraima, os agentes encontraram em uma fazenda dele um helicóptero que era usado pelo garimpo desde 2021. Líder de um movimento pró-garimpo no estado, Cataratas foi candidato a deputado federal nas eleições de 2022 pelo PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, sem sucesso. A notícia é do UOL.

Em tempo 3: Um relatório elaborado por entidades indígenas dos Povos Yanomami, Kayapó e Munduruku acusou a Agência Nacional de Mineração (ANM) de omissão no processo regulatório e de fiscalização do garimpo no Brasil, o que facilitaria a “lavagem” de ouro. Segundo a Folha, o documento descreve a situação do garimpo ilegal no Brasil como um “estado de coisas inconstitucional”, no qual existe “uma situação de violação massiva e generalizada de direitos fundamentais que afeta um número amplo de pessoas”.

Lalo de Almeida / Folhapress

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