Três quartos do desmatamento no governo Bolsonaro possuem indícios de ilegalidade, mostra o MapBiomas

ClimaInfo

Um levantamento feito pelo MapBiomas revelou que 72,6% da área dos alertas de desmatamento emitidos durante o governo de Jair Bolsonaro têm indícios de ilegalidade e não cruzaram espacialmente com ações de fiscalização. O percentual equivale a mais de 41,6 mil km² de destruição da vegetação nativa – quase toda a área do estado do Rio de Janeiro.

O Monitor da Fiscalização do Desmatamento do MapBiomas analisou mais de 254 mil avisos ocorridos do período entre 2019 e 2022, em dez estados: Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rondônia e São Paulo.

No total, foram mais de 57,5 mil km² desmatados nessas regiões nos quatro anos do governo Bolsonaro. Mas só um quarto dessa área tinha autorização para ser cortada ou foi alvo de ações de fiscalização, apontam a Folha e o Valor.

Ao longo dos quatro anos analisados pelo MapBiomas, 20,4% da área com alertas tiveram ações de fiscalização; 6,5% delas foram de desmate autorizado; e 0,7% contou tanto com autorização quanto com fiscalização. Entre os estados analisados, os locais com o menor percentual de fiscalização nas áreas desmatadas foram Acre, Ceará e Rondônia, destaca o Metrópoles.

“De forma geral, o que os dados mostram é que o país ainda tem um alto índice de ilegalidade, apesar do avanço de alguns estados, e que precisa melhorar muito na sistematização e publicização das ações de combate ao desmatamento, desempenhadas pelo poder público”, explica Ana Valdiones, do Instituto Centro de Vida (ICV) e coordenadora da plataforma.

Informações de órgãos e sistemas federais mostram que autorizações presentes no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) ou ações de fiscalização do IBAMA e do ICMBio que cruzam com alertas de desmatamento representam 14,6% da área total dos alertas, detalha o EcoDebate. “Isso representa pouco menos de 3% do número total de alertas”, destaca Ana.

Enquanto Bolsonaro estimulou o desmatamento, o governo Lula reforça as ações de combate a essa atividade criminosa. Em Rondônia, a operação “Espanta Lobos”, da Polícia Federal, entrou na segunda fase de investigações. No início do mês, uma ponte que era utilizada para acessar Terras Indígenas e facilitar o contrabando de madeira foi destruída em Vilhena (RO). Agora, a PF busca apurar os possíveis construtores da ponte, informa o g1.

Em tempo: Mais de 100 organizações da sociedade civil, incluindo o Instituto ClimaInfo, enviaram ao presidente Lula, a ministros e a Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, uma carta com propostas para que os investimentos mirem um desenvolvimento com sustentabilidade socioambiental, informam o NeoMondo e o Um só planeta. Coordenada pelo GT Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra), a carta conta com a assinatura de organizações de base e movimentos sociais, redes da sociedade civil, entidades socioambientais, instituições de pesquisa e ensino e também de parceiros nacionais e internacionais.

“O grupo propõe a adoção de conceitos inovadores, como o reconhecimento da importância da Natureza como infraestrutura, a infraestrutura voltada para a qualidade de vida das populações locais, com redução de desigualdades sociais, e cuidados com médios e grandes projetos, em termos de seus riscos e impactos socioambientais”, explica Sérgio Guimarães, secretário executivo do GT Infra.

Metrópoles

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