MPF apura racismo religioso e violação do dever de prevenção pela empresa Uber quanto a práticas discriminatórias

Investigação foi aberta a partir informações veiculadas na imprensa de que motorista de aplicativo teria negado corrida a família que usava roupas litúrgicas do Candomblé

Procuradoria da República no Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, nessa quarta-feira (3), procedimento para apurar caso relacionado a racismo religioso, divulgado pela imprensa nos últimos dias. Trata-se da notícia de que, em Duque de Caxias (RJ), um motorista de aplicativo (Uber) teria se recusado a transportar uma família que vestia trajes litúrgicos do Candomblé no último fim de semana. No documento, o MPF pede para que a empresa Uber, no prazo de dez dias, preste informações sobre a situação e as medidas preventivas que adota para impedir que usuários e motoristas pratiquem racismo religioso.

A notícia de fato foi instaurada no âmbito da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro (PRDC/RJ). Ao determinar a abertura do procedimento, os procuradores regionais dos Direitos do Cidadão Jaime Mitropoulos, Julio Araujo e Aline Caixeta ressaltaram a necessidade de acompanhamento e de fiscalização dos serviços de transporte no que diz respeito a possíveis tratamentos discriminatórios dispensados aos usuários dos aplicativos de transporte.

Lembraram, ainda, que a liberdade de consciência e de crença é elemento fundamental não apenas da liberdade religiosa, mas do princípio da dignidade humana, preceitos resguardados pela Constituição Federal.

No documento de instauração, os procuradores mencionam os eventuais resultados que podem ser alcançados a partir das informações coletadas ao longo da investigação. “É possível vislumbrar medidas reparatórias em virtude dos danos morais coletivos provocados pelo aventado ato discriminatório, bem como a possibilidade de apurar a necessidade de aprimoramento das políticas públicas de enfrentamento do racismo religioso”, afirmam.

Também consta do procedimento pedido para que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) informe sobre a possibilidade instauração de inquérito policial, bem como sobre eventuais diligências que possam auxiliar na apuração dos fatos.

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Nota enviada a Combate Racismo Ambiental pela Uber:

“A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. A conta do motorista parceiro já foi temporariamente desativada, enquanto aguardamos pelas apurações.

A Uber busca oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. A empresa reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.”

Foto: Georgenes Sampaio / G1

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