O governo federal deu mais um passo para restabelecer uma estratégia para o combate ao desmatamento no Cerrado. Nesta semana, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima realizou um seminário técnico-científico com especialistas na conservação do bioma para reunir insumos que serão aproveitados no novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
No site ((o)) eco, Cristiane Prizibisczki destacou a análise dos especialistas e as sugestões apresentadas ao poder público para combater as queimadas e o desmatamento no Cerrado. Entre as ações propostas, estão o aprimoramento nos sistemas de Autorização de Supressão Vegetal (ASV) e aumento de 20% para 35% na área total das propriedades privadas que precisa ser preservada.
O PPCerrado foi criado em 2010. Em sua 1ª fase (até 2011), o desmatamento no bioma caiu 9%. Nas 2ª e 3ª fases, a redução na perda de vegetação foi mais expressiva, de 42% entre 2014 e 2019. No entanto, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro descartou a estratégia, o que contribuiu para a intensificação do desmate no Cerrado nos últimos anos.
Por falar em desmatamento no Cerrado, a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos apresentou nesta 4ª feira (12/7) um relatório no qual descreve a relação entre a atuação de empresas transnacionais e a grilagem de terras e desmatamento no bioma, especialmente no sul do Piauí. O documento identifica gigantes como a Bunge e até mesmo a Universidade de Harvard (EUA) na teia de atores, interesses e dinheiro que permite a invasão de terras públicas, a derrubada ilegal de vegetação e ataques violentos contra Comunidades Tradicionais e pequenos agricultores. A Agência Brasil deu mais detalhes.
Ao mesmo tempo, um novo estudo divulgado recentemente na revista Scientific Reports por cientistas brasileiros propõe um novo sistema online para prevenção de incêndios no Cerrado. Ele utiliza imagens de sensoriamento remoto, junto com dados de clima e relevo, para simular a propagação do fogo em todo o bioma.
De acordo com a análise, o sistema apresenta uma taxa de acerto que chega a 89%. “O sistema é o único do mundo capaz de prever a propagação de incêndios em tempo quase real”, explicou Ubirajara Oliveira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor principal do estudo, à Agência FAPESP.
Em tempo: Vale a pena conferir a edição mais recente do programa Profissão Repórter (TV Globo), que aborda especificamente as ilegalidades ambientais no Cerrado brasileiro. A equipe acompanhou um flagrante em uma fazenda grilada que estava sendo desmatada no Piauí. Em outra ação, um fazendeiro no Tocantins foi multado em R$ 1,5 milhão pelo IBAMA pelo desmatamento ilegal de 314 hectares.
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Rafael Oliveira / Agência Fapesp