Brasil no divã amazônico: entre a preservação da floresta e a exploração petroleira

Depois de 4 anos como pária, Brasil quer voltar a ser um líder internacional ambiental, mas a sede por petróleo na região amazônica pode atrapalhar. 

ClimaInfo

“O Brasil voltou” foi uma frase repetida diversas vezes pelo presidente Lula e por outros integrantes do governo federal desde o começo do ano. Ela faz sentido: o país passou quatro anos na “casinha do cachorro” da política internacional, prejudicado pela incompetência e pelos preconceitos ideológicos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois dessa experiência patética, o Brasil não tinha outra alternativa a não ser “voltar” ao mundo.

Mas o governo Lula se dispôs a ir além. O presidente tem sido claro em sua pretensão de reposicionar o Brasil como uma voz de confiança e proatividade nos esforços internacionais para proteção do meio ambiente e combate à mudança do clima. Mas ficar no discurso verde não basta mais: o governo será cada vez mais cobrado, dentro e fora do país, a mostrar serviço real nesse assunto.

Valor sintetizou essas cobranças que se acumulam sobre o Brasil. Um dos fatores que atrapalham o reposicionamento do Brasil como líder climático internacional é a novela em torno do projeto da Petrobras para exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Os primeiros desgastes foram sentidos durante a Cúpula da Amazônia, onde Lula foi criticado por ativistas e lideranças internacionais por sua oposição à discussão sobre um veto a novos projetos de produção de combustíveis fósseis na região amazônica.

A defesa da exploração petroleira na Amazônia contrasta com o interesse econômico, dentro e fora do Brasil, em torno das soluções e dos recursos que a floresta pode oferecer para enfrentar a crise climática. A própria expansão do Fundo Amazônia, que conseguiu novos compromissos financeiros de países como Dinamarca, Estados Unidos e Reino Unido, é um exemplo da preocupação desses países em dar condições para que o Brasil e os demais países amazônicos mantenham suas florestas em pé.

“Não há solução única para a Amazônia porque a Amazônia não é única”, destacou Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA, ao Valor. O órgão está no centro da discussão em torno da exploração petroleira na foz do Amazonas desde que rejeitou a licença ambiental ao empreendimento da Petrobras.

Sobre essa atividade, Agostinho contemporizou, mas não deixou de dar seu recado. “Podemos avaliar todas as possibilidades [de atividade econômica]. O que não podemos mais conceber é o desmatamento”.

Ricardo Stuckert

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