Seca amazônica impacta distribuição de alimentos e energia em todo o país

Além da tragédia humana e ambiental na região, estiagem extrema na Amazônia pode afetar o fornecimento de energia elétrica e alimentos em todo o país.

ClimaInfo

A paralisação da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, e a interrupção da transmissão de eletricidade de Rondônia para o Sudeste são alguns dos sinais de que a seca extrema histórica na Amazônia que vem assolando a população amazônida e matando animais pode causar efeitos adversos em todo o país, destaca o Metrópoles. Isso porque, além da geração de eletricidade, a baixa dos rios já afeta o transporte de produtos da região.

A estiagem  severa interrompeu o tráfego de navios perto de Manaus e aumentou os custos das rotas comerciais da região Norte, elevando os riscos para as exportações de milho nos próximos meses, ressaltam Folha e Brasil 247. “Há preocupação com o escoamento de parte da safra, que deve levar de dois a três meses ainda”, disse o Ministério da Agricultura em comunicado.

Os rios amazônicos têm sido fundamentais para os avanços logísticos pelos quais o Brasil consolidou as rotas de exportação do norte, aumentando a competitividade de grãos. No rio Madeira, que chegou ao menor nível dos últimos 56 anos [ver nota anterior], o governo disse que os corredores de barcaças entre Porto Velho e Itacoatiara, onde operam empresas como Cargill, Bunge e Amaggi, “estão funcionais”, mas “as cargas nas barcaças estão sendo diminuídas um pouco como medida de cuidado.”

Além disso, os baixos níveis dos rios também afetaram a atracação de navios transoceânicos ao redor de Manaus e aumentaram os custos de pilotagem, disse Thiago Pera, coordenador de pesquisa logística da Esalq-LOG. Segundo Pera, a abundante safra de soja do Brasil já está resolvida, mas as condições podem ser complicadas para o embarque da segunda safra de milho deste ano.

Na geração elétrica, a situação não é ruim apenas no rio Madeira, mostram Poder 360 e Um só planeta. A hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que, por razões técnicas, desde o início produz bem menos do que sua capacidade, está operando com 10% da vazão por causa da baixa do Rio Xingu, onde está instalada, segundo o Poder 360. Tucuruí (PA) e Balbina (AM) apresentam vazões maiores, acima de 20% da média histórica. Mas, como são mais antigas, estão entre as poucas usinas da região com reservatórios de água.

Imagem: Defesa Civil AM

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