Áudios revelam ameaças de grupo envolvido com comércio de madeira extraída ilegalmente da Terra Apyterewa (PA) contra forças federais que atuam na expulsão dos invasores.
A operação de desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, no sul do Pará, incomodou um grupo de madeireiros que atuam ilegalmente no território. De acordo com a Repórter Brasil, a partir de áudios vazados de um grupo de WhatsApp intitulado “Máfia da Tora”, dois integrantes do esquema ameaçaram atacar os agentes federais envolvidos na expulsão dos invasores.
“A vontade que dá é estar bem localizado com uma [arma] 357, entendeu, catar um por um e dar na cabeça, um satanás desse aí”, afirmou um deles. “Na hora que morrer uns dez, aprendem a tratar os outros. A 100 metros de distância, uma 357 boa, eu não erro a cabeça de uma peste dessas”.
Na troca de mensagens, um dos integrantes sugere importar um rifle dos Estados Unidos para o Brasil, onde a arma seria mais barata. Outro membro do grupo indica que a arma poderia ser obtida com mais facilidade no Paraguai. A mesma pessoa também compartilhou no grupo informações para a produção de uma bomba caseira com uso de explosivos e um cano de PVC.
Enquanto isso, políticos locais seguem tentando atrapalhar a retirada de invasores da Terra Apyterewa. O prefeito de São Félix do Xingu, João Cléber de Souza (MDB), foi proibido pela Justiça Federal de tentar impedir ou dificultar a operação das forças federais no território. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que acusou o prefeito de atuar contra a operação, contrariando determinação judicial. O político também foi acusado de compartilhar notícias falsas para desinformar a população sobre a operação.
“Ao veicular fake news, João Cléber de Souza demonstra desprezo pelas decisões judiciais e apresenta comportamento violador da boa-fé, padrão de conduta ética que se exige de todo o gestor”, argumentou o juiz federal Cláudio Cesar Cavalcantes, responsável pela decisão. g1 e Pará Terra Boa deram mais informações.
Já em Brasília, o governo federal decidiu “pisar no freio” com a operação em Apyterewa. Segundo a Folha, os ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) entenderam que as ações deveriam ser paralisadas até que seja decidido o próximo passo da desintrusão do território. O governo tinha até 31 de outubro para retirar os invasores da Terra, de acordo com determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), como lembrou o Metrópoles.
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PF-PA