Pesquisa do Imazon calculou pela primeira vez a ameaça de destruição da Floresta Amazônica dentro das zonas potenciais de compra dos frigoríficos ativos na região.
A pecuária já ocupa mais de 80% das áreas desmatadas na Amazônia, e com uma produtividade bastante baixa. Ainda assim, a devastação pela atividade na região pode aumentar. Sem medidas mais efetivas de fiscalização, como a rastreabilidade de todos os animais desde o nascimento, mais 3 milhões de hectares de vegetação nativa podem ser devastados para dar lugar a pastagens, área equivalente a 20 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
A projeção é de uma pesquisa do Imazon, que calculou pela primeira vez a ameaça de destruição da floresta dentro das zonas potenciais de compra dos frigoríficos ativos na região amazônica. A estimativa é um dos três indicadores que o estudo usa para mostrar o quanto essas empresas estão expostas aos riscos de desmatamento da Amazônia. Os outros são a derrubada ocorrida e o quanto foi embargado pela devastação ilegal, análises referentes ao que ocorreu dentro das áreas de provável aquisição de animais de 2008 a 2021.
A companhia em situação mais crítica é a JBS, com quase 10 milhões de hectares desmatados, embargados ou sob risco de derrubada em suas zonas de compra de animais, informa o Estadão. Recentemente, auditorias do Ministério Público Federal (MPF) relativas ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne – acordo entre os setores produtivos e órgãos de fiscalização firmado em 2009 para barrar a produção de gado em áreas recém-desmatadas na Amazônia –, a JBS também figurou entre os frigoríficos com mais inconformidades.
A JBS é seguida por Vale Grande, com pouco mais de 4 milhões de hectares, e Masterboi, Minerva e Mercúrio Alimentos, os três com mais de 2 milhões de hectares cada.
Em 2016, apenas 35 empreendimentos haviam assinado o TAC da Carne, e os outros 63 ignoraram o acordo. Em 2022, o número de empresas signatárias passou para 47. Apesar do aumento, o Imazon observa que as companhias seguiram ineficientes para barrar a carne ilegal no mercado, mesmo diante da crescente cobrança sobre o setor – incluindo legislações internacionais severas contra produtos oriundos da devastação, como da União Europeia.
A Veja destaca que a exposição dos frigoríficos a áreas destruídas aumentou de 6,8 milhões de hectares em 2016 para 14,2 milhões de hectares em 2022.
Quanto ao número de plantas frigoríficas ativas, elas passaram de 127 em 2016 para 145 em 2022, alta de 14%. Essas unidades pertenciam a 108 empresas diferentes no ano passado, 10% a mais do que no estudo anterior. Já a capacidade de abate ativa passou de 62 mil para 65 mil animais por dia no período, um crescimento de 5%.
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