CPT recebe relatos de ameaça e violência policial causadas à família de pescadora tradicional em Sirinhaém (PE)

Por CPT NE2

A CPT recebeu nesta terça-feira, 5, relatos de ameaça e violência policial cometidas contra a família de Maria Nasareth dos Santos, mulher negra e pescadora tradicional que defende o manguezal das ilhas de Sirinhaém, no litoral sul do estado. Segundo informações recebidas, viaturas da polícia, acompanhadas por funcionários da Usina Trapiche, vinham rondando periodicamente a barraca de pesca da pescadora, situada no estuário do rio Sirinhaém.

A situação mais grave, no entanto, ocorreu no último sábado, 2, quando três policiais abordaram familiares de Maria Nasareth que estavam no local, sendo uma irmã, um sobrinho e um jovem com deficiência, filho da pescadora. Durante a abordagem, os policiais armados revistaram o barraco, amedrontaram os presentes e ameaçaram amarrar a irmã de Nasareth e deixá-la ao sol. A mulher teve o telefone celular confiscado e foi levada pela viatura à delegacia de Tamandaré. Segundo relatos, há ainda ameaça policial de tornar ao local para destruir o barraco.

Maria de Nasareth é conhecida na região por lutar há mais de 18 anos ao lado dos pescadores e pescadores da região pela criação de uma Reserva Extrativista (Resex) na área. A relevância ambiental e social da Resex de Sirinhaém foi oficialmente reconhecida por órgãos ambientais federais e estaduais. Contudo, o processo de sua criação foi suspenso em razão das pressões impostas pela Usina Trapiche e de interesses econômicos que se sobrepuseram aos direitos ambientais e de milhares de famílias pescadoras artesanais.

A CPT já encaminhou os relatos às autoridades e cobra imediata investigação e responsabilização dos envolvidos. Além disso, a Pastoral reivindica a intervenção dos órgãos competentes para garantir a segurança e a integridade física de Maria Nasareth e de sua família. É inadmissível e causa revolta constatar que a polícia na região, em vez de proteger, vem agindo como cumplice e instrumento de opressão e intimidação a serviço do interesses da Usina. Reforçamos nosso compromisso intransigente em defesa dos povos do campo, das águas e das florestas e seguiremos cobrando JUSTIÇA e o FIM DA VIOLÊNCIA contra quem vive e cuida do mangue!

MANGUE VIVO, POVO VIVO!

Foto: Arquivo CPT NE2

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