Indígenas rendem garimpeiros na Terra Yanomami

Detidos, garimpeiros foram entregues a agentes da Força Nacional de Segurança Pública; indígenas reclamam de “morosidade” do poder público na desintrusão do território em Roraima.

ClimaInfo

Um grupo de 12 garimpeiros foi detido na última 3ª feira (23/4) por indígenas na Terra Yanomami, em Roraima. De acordo com a Uruhi Associação Yanomami, os invasores estavam em um garimpo batizado de “Malária”, localizado na região de Homoxi. Sozinhos, sem apoio de forças governamentais, cerca de 30 indígenas Yanomami participaram da ação.

Em entrevista a Amazônia Real, o presidente da entidade, Junior Hekurari, explicou que os indígenas estavam revoltados com a contaminação de fontes locais de água pela atividade garimpeira, o que motivou a ação unilateral. “Os Yanomami não querem mais ver a água suja. Os garimpeiros estão sujando o rio”, disse.

Segundo os indígenas, a ação ocorreu sem violência nem feridos, sendo que os garimpeiros detidos foram entregues em seguida a agentes da Força Nacional de Segurança Pública que estão no território Yanomami. Os garimpeiros foram levados à sede da Polícia Federal em Boa Vista, onde seguem detidos.

“Os Yanomami foram lá [no garimpo] porque cansaram de esperar pela polícia. Porque há muito tempo já informamos por meio de relatórios, até coordenadas foram passadas, e não fizeram nada”, reclamou Junior, que também manifestou preocupação com o risco de conflitos entre indígenas e invasores. “Temo por retaliações por parte dos garimpeiros”.

Agência BrasilCNN BrasilFolha e Poder360, entre outros, repercutiram a notícia.

Em tempo 1: A Agência Pública revelou uma série de relatórios sigilosos produzidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro que mostram como os órgãos públicos encarregados de coibir o garimpo ilegal na Terra Yanomami não contaram com estrutura suficiente para agir. Entre as deficiências levantadas, estão a falta de apoio aéreo e de pessoal para a retirada dos invasores do território.

Em tempo 2: A ausência do Estado também motivou os indígenas do Vale do Javari, no Amazonas, a intensificar seus próprios esforços para vigilância e fiscalização do território, um dos mais ameaçados por invasores na Amazônia. Míriam Leitão abordou n’O Globo como as equipes de vigilância formadas por indígenas estão assumindo uma tarefa que deveria ser do poder público e se encarregando de proteger suas terras. O Vale do Javari ganhou destaque em 2022 por conta do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips por pescadores que agiam ilegalmente no território.

Reprodução vídeo Instagram @juniorhekurari

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