A CPT está de olho no caso e preza pela vida dos trabalhadores e trabalhadoras em condição de vulnerabilidade
Por CPT Alagoas
A Comissão Pastoral da Terra recebeu com indignação os vídeos de trabalhadores e trabalhadoras de Alagoas pedindo ajuda para serem resgatados de situação análoga à escravidão em uma fazenda de café no município de Brejetuba, no interior do Espírito Santo.
Na segunda-feira, 13 de maio, data que marca a assinatura da Lei Áurea em 1888, o grupo de 12 alagoanos e alagoanas do município de Penedo conseguiu expor a situação nas redes sociais.
De acordo com os relatos, eles foram recrutados na cidade natal por um homem desconhecido que ofereceu emprego no Sudeste. Viajaram de forma clandestina e, quando chegaram ao local, foram recebidos num alojamento sem estrutura adequada e tiveram que pagar pelas ferramentas de trabalho, além das refeições. O homem que fez o convite desapareceu após a chegada dos trabalhadores à fazenda.
Ainda segundo os depoimentos, as pessoas estavam trabalhando mais de 8 horas por dia, sem carteira de trabalho assinada, e eram impedidas de sair da fazenda sem pagar uma suposta dívida que já ultrapassa o valor de R$10.000,00 para arcar com a própria alimentação e estadia.
As últimas informações são que a Superintendência do Trabalho e Emprego em Alagoas preparou uma operação para resgatar o grupo junto à Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional do Trabalho no Espírito Santo. Os trabalhadores foram resgatados, com escolta policial, nesta terça-feira, 14 de maio.
A CPT, que há quase 50 anos luta contra o trabalho escravo no Brasil, destaca que iniciativa dos próprios trabalhadores e trabalhadoras reagirem e denunciarem é muito corajosa e clama ao Poder Público que garanta a segurança de todos e todas até Penedo (AL), além da do cumprimento da lei no que diz respeito à punição do proprietário da fazenda. Ao mesmo tempo, é fundamental sensibilizar a sociedade diante do quadro de vulnerabilidade social dessas pessoas e de tantas outras que enfrentam a escravidão no país.
Os dados do último relatório Conflitos no Campo Brasil 2023 reafirmam que o “13 de maio não é dia de negro”, porque a escravidão está longe de acabar no Brasil. Os registros de 2023 foram os maiores dos últimos 10 anos, o que reflete a importância das denúncias e da retomada da política de fiscalização.
Somente no ano passado, 3.191 trabalhadores escravizados foram resgatados, 302 deles em lavouras de café. Exatamente a situação dos alagoanos e alagoanas de Penedo agora. Já no estado de Alagoas, 61 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo na extração de brita na Fazenda Cansanção, em Murici e na Pedreira no Maninho, em Ouro Branco.
A CPT atua em campanha permanente na causa contra o trabalho escravo por meio de ações de conscientização, apoio à organização comunitária, prevenção e denúncia, além de dar apoio às pessoas resgatadas. Essa é uma luta por vida digna.