Situação dos índios em Ponta Grossa é de extrema miséria. A Casa do Índio está destruída, não oferece um banheiro para os indígenas fazerem as necessidades e insetos peçonhentos vivem no local
André Packer – A Rede
Os relatos feitos por Rafael Nunes Machado, residente no bairro de Uvaranas, sintetizam a situação de extrema miseribilidade vivida pelos índios em Ponta Grossa. Longe de serem alcançados por algum tipo de benefício social, eles engrossam a lista de pessoas que enfrentam todos os tipos de dificuldades numa cidade grande. Moram em situação subumana disputando espaços com lixo, ratos, baratas e outros insetos e bichos nocivos à saúde humana.
“Não é possível o ser humano morar daquele jeito. Ali tem todo quanto é tipo de foco de dengue, bichos, a quantidade de lixo é muito grande. Eles não têm banheiro, então precisam fazer as necessidades em um cômodo. Quando cheguei tinha um índio fazendo as necessidades na calçada”, relatou Rafael. A situação dos indígenas em Ponta Grossa é complicada há anos e nenhuma providência foi tomada para melhorar a condição de vida deles.
A Casa do Índio em Ponta Grossa, localizada no bairro de Uvaranas, abriga cerca de 20 indígenas que vivem em situação de miséria. As famílias indígenas estão no local desde 2009 e moram em um abrigo sem a mínima estrutura necessária. “Ali está tudo quebrado. Não tem teto, então a chuva cai dentro da casa e fica empoçada ali. E isso pode ser foco para o mosquito da dengue”, afirma Rafael.
O empresário foi até o local ontem (17) e relatou sua conversa com uma senhora indígena. “Perguntei se ela estava feliz morando ali e ela me respondeu que sim. Ela falou que colocaram eles ali e, desde então, a vida deles é essa”, diz Rafael. “Ninguém dá bolas para os indígenas”, concluiu.
Proposta
Em abril de 2015, o secretario de Assistência Social, Júlio Küller, cogitou a construção de uma moradia semelhante a ocas (moradia tradicional indígena) em uma área afastada próximo ao Centro de Eventos para abrigar os índios em Ponta Grossa. O projeto não foi levado adiante e a situação dos indígenas continua alarmante no município.
