Nota dos Ka’apor sobre quem os representa no Maranhão

“Nós povo Ka’apor estamos desde 2009 lutando para defender nossos direitos, nosso território para a gente viver com dignidade. Passamos muitas dificuldades e o governo só ajudou destruir nosso território. Só a nossa associação indígena ajudou a gente a se organizar, conseguir projetos e a defender nossos direitos. Nem o governo e nenhuma outra entidade indígena escutou gente, lutou com a gente, passou sacrifícios com a gente e nem ficou do nosso lado na hora dos ataques dos madeireiros, das invasões, das mortes, da hora das cobranças do governo para proteger e dar segurança pra nós.

Temos nossa organização interna que tem haver com nossa cultura. Temos nosso Conselho de Gestão Ka’apor, que são pessoas, lideranças de aldeias respeitadas que não fazem coisas erradas, que não vivem como Karai (branco), que valorizam e respeitam a nossa cultura, respeitam as outras lideranças, que escutam os conselhos das aldeias e dão conselhos para outras lideranças.

Os nossos conselhos das aldeias é formado por pessoas respeitadas e responsáveis das aldeias que conversam sempre e seguem orientações do Conselho de Gestão Ka’apor. Estão sempre se comunicando para acompanhar tudo dentro do nosso território e nossa cultura. Temos nosso acordo de convivência que ajuda a gente viver melhor em nossas aldeias.

O Conselho de Gestão Ka’apor exige, acompanha e vê quem deixa de cumprir o acordo de convivência. Conversa com as pessoas, orienta, dá sugestão de como a pessoa pode melhorar ou viver respeitando a cultura, não ofendendo e ameaçando nossa vida.

Por tudo isso, a gente comunica vocês que nenhuma entidade do Maranhão pode falar, representar, escolher pessoas e decidir por nós. Nós não vamos aceitar. Só o nosso Conselho de Gestão Ka’apor com a aceitação da maioria dos conselhos das aldeias”.

Centro de Formação Saberes Ka’apor.

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Conselho Gestao Kaapor fala por si 002

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Auridenes Matos.

Destaque: Na foto, a liderança Eusébio Ka’apor durante protesto pela proteção do território. Eusébio foi assassinado em abril de 2015.

 

 

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