“Com 5 estrelas a menos, bandeira da logo de Temer foi usada na ditadura”*

Logotipo do governo Temer exibe 22 estrelas, mesmo número usado durante período da Quarta República (1946-1964) e da Ditadura Militar (1964–1985)

Por Paula Reverbel, na Folha

O logotipo do governo de Michel Temer se baseia em uma versão desatualizada da bandeira do Brasil, que vigorou entre 1960 a 1968. Na marca, a esfera que flutua em cima da palavra “Brasil” tem apenas 22 estrelas, quantidade que aparecia na bandeira durante parte da Quarta República (1946-1964) e da ditadura militar (1964-1985).

A versão usada atual tem 27 estrelas, que representam todos os Estados e o Distrito Federal.

Na esfera da gestão Temer, não estão simbolizados o Acre, que passou a aparecer a partir de 1968, e os Estados Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins, que só entraram na versão de 1992. Nessa última mudança, a estrela que representava o extinto Estado da Guanabara passou a simbolizar o Mato Grosso do Sul.

As estrelas estão na posição em que estavam no céu do Rio de Janeiro na manhã de 15 de novembro de 1889, data da proclamação da República.

O logo traz ainda a lema da bandeira “Ordem e progresso”, que virou slogan do governo Temer. A expressão tem origem no positivismo –escola filosófica e religiosa fundada por Auguste Comte (1798-1857).

A fórmula sagrada do movimento positivista, descrita pelo filósofo francês, é: “O amor por princípio, a ordem por base, e o progresso por fim”.

A quantidade de estrelas no logo não é o único aceno ao passado, já que a marca foi considerada conservadora por designers. O gradiente azulado e as formas tridimensionais lembram especialistas dos contornos criados pelo designer Hans Donner, criador da identidade visual da TV Globo da década de 1970.

A Folha não conseguiu entrar em contato com o publicitário Elsinho Mouco, responsável pela identidade visual do governo do presidente interino, até a publicação deste texto.

Os trabalhos foram feitos pela agência de Mouco sem contrato com a administração federal. Ele afirma pretende doar oficialmente o logo e estima que a peça custaria por volta de R$ 100 mil se fosse produzida por uma agência de publicidade.

Nota: embora a matéria seja da Folha, a manchete é de O Globo. Achamos que valia registrar ambas.

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