Proibido celebrar

por Manoela Costa, em Palavras Insurgentes

No dia 28 de agosto, os servidores do Instituto Chico Mendes (ICMBio) se reuniram no pátio da sede em Brasília-DF para comemorar os 12 anos do órgão ambiental e chamar a atenção para a gravidade dos incêndios na Amazônia. A atividade, convocada como assembleia pela Asibama-DF, associação dos servidores, reuniu cerca de 100 participantes. Porém, enquanto o grupo cantava o hino nacional, o presidente do ICMBio, Homero de Giorge Cerqueira, despachou documento para proibir a celebração.

A justificativa para a tentativa de impedir a manifestação dos servidores seria a necessidade de concentrar esforços na operação Verde Brasil, que supostamente pretende proteger o bioma da Amazônia. No entanto, não constavam atividades ligadas à operação na agenda oficial dos diretores do ICMBio. Os servidores tampouco foram informados sobre essa operação, recebendo apenas um convite por e-mail sem mais explicações.

“Quando organizamos o evento, pensamos em algo para levantar a moral e estima dos servidores uma vez que, diante do constante assédio, muitos servidores estão se sentindo ameaçados e amedrontados no exercício das suas funções”, explicou Alexandre Gontijo, presidente da Asibama-DF.

Durante o ato, os trabalhadores do ICMBio lembraram das dificuldades enfrentadas no trabalho: cortes orçamentários, redução das operações de fiscalização, retaliações e remoções à revelia, exoneração, impedimento de realizarem suas assembleias e darem entrevistas.

 “A melhor forma que o governo deveria fazer para conter os incêndios e o desmatamento é reforçar os órgãos ambientais, dotando-os de capacidade de ação, planejamento e infraestrutura. Infelizmente, o que vemos é o oposto”, complementou um servidor que preferiu não ser identificado.

As celebrações do aniversário do ICMBio se tornaram tradicionais. Anualmente, a Asibama-DF recebe o pedido das direções para contribuir com o recurso para o bolo e decorações. Neste ano, a associação se deparou com o silêncio e a recusa do diretor em receber os representes dos servidores, que tiveram dois pedidos de audiência desmarcados.

“Entendo que está acontecendo uma tentativa de intimidação mesmo”, concluiu Beth Uema da Ascema Nacional. 

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