A gestora de investimentos Nordea Asset Management anunciou ontem (28/7) a retirada da JBS de sua carteira de investimentos. O grupo, que conta com mais de 220 bilhões de euros em aplicações financeiras, excluiu a gigante da carne por envolvimento com desmatamento e corrupção e, também, pela falta de cuidado com a saúde e a segurança de seus trabalhadores frente à pandemia de COVID-19. Com a decisão, a Nordea se desfez de um total de 40 milhões de euros em ações da JBS.
“A exclusão da JBS nos é bastante dramática, já que não estamos nos desfazendo apenas de papéis ESG [padrões ambientais, sociais e de governança], mas de todos os tipos de títulos da empresa”, disse Eric Pedersen, chefe de investimentos da Nordea, ao jornal britânico The Guardian. Para Daniela Chiaretti no Valor, Pedersen apontou também para problemas relativos às condições dadas pela JBS para seus funcionários durante a pandemia. “Não sentimos que estávamos vendo a resposta que procurávamos. [A decisão de desinvestir da JBS] Não foi apenas [devido a] o risco de desmatamento na cadeia de suprimentos da empresa, mas também nas saúde e segurança de funcionários em relação à COVID-19”. Já ao portal O Eco, Pedersen citou também “os escândalos de corrupção e a concentração de poder de alguns de seus proprietários [da JBS]” como outro motivo para a decisão.
No jornal O Globo, Mariana Barbosa cita a denúncia feita nesta semana pelos Repórter Brasil, The Guardian e The Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), que apontou o uso de serviços de transporte da JBS na transferência de gado criado em propriedades denunciadas por desmatamento ilegal para fazendas sem problemas de irregularidade, em um processo de “lavagem de gado”.
A decisão da Nordea foi destacada em diversos veículos, como Estadão, UOL, Reuters, Bloomberg e The Wall Street Journal.
Em tempo: O Mongabay destacou dados de um relatório recente da ONG Grain e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos que aponta que o fundo de investimentos da renomada Universidade de Harvard (EUA) possui pelo menos 405 mil hectares de terras no Cerrado brasileiro, totalizando cerca de US$ 450 milhões. Boa parte dos empreendimentos adquiridos são terras ocupadas por grileiros em conflito com Comunidades Tradicionais e Quilombolas. A maioria das fazendas fica na fronteira agrícola do MATOPIBA (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia) e visa lucro por meio da especulação imobiliária.
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Foto principal (Reprodução/Anistia Internacional): gado na Amazônia