As investigações sobre um esquema de contrabando de madeira de origem ilegal da Amazônia, esquema que contava com a anuência de servidores do IBAMA e com o envolvimento do próprio ministro Ricardo Salles, mostram como a ilegalidade ainda é a marca mais forte no comércio madeireiro no Brasil.
Emilio Sant’Anna descreveu no Estadão como grupos criminosos conseguem driblar a legislação e a fiscalização (e, quando necessário, comprar fiscais e outros agentes ambientais e aduaneiros) para vender madeira extraída de maneira ilegal da floresta para mercados nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Dados da Polícia Federal, responsável pela Operação Akuanduba, corroboram um estudo recente do Instituto Centro de Vida (ICV), o qual mostrou que mais de 90% de toda a madeira retirada da Amazônia têm origem ilegal.
Além da corrupção, o comércio de madeira ilegal também vem sendo beneficiado nos últimos tempos pelos desmonte e enfraquecimento institucional dos órgãos de fiscalização ambiental, como IBAMA e ICMBio.
Em tempo: A leniência do governo federal também é visível no impulso dado ao garimpo pelo governo Bolsonaro. A Carta Capital mostrou como os corredores e salas do poder em Brasília passaram a ser frequentados por garimpeiros ilegais, recebidos com pompa e circunstância no Palácio do Planalto e nos ministérios. Empresários, criminosos ambientais e lobistas do garimpo participaram de ao menos 11 encontros, oficiais ou fora da agenda, com Bolsonaro, Mourão e Salles.