A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou nesta sexta-feira (29/10), no Supremo Tribunal Federal, interpelação judicial para que o presidente Jair Bolsonaro esclareça as declarações dadas durante o intervalo de uma entrevista para TV Jovem Pan News quando, sem saber que estava ao vivo, comentou sobre casos de corrupção em contratos de pedágios e questionou qual seria o “preço” de uma vaga no STF.
“No passado, o cara que fazia contrato levava uma caixa de dinheiro embora, metia a caneta no contrato e passava para R$ 20, o pedágio. Assim que funcionava. Ou não era assim? (…) Pra mim é fácil: ‘manda um sapato número 43 para mim, meu número aqui, tá? Um beijo’. Sem problema. Chega o sapato número 43 cheio de notinha de cem verdinha dentro”, afirmou o presidente.
Em seguida, Bolsonaro questionou algumas pessoas que estão no mesmo local que ele, fora das câmeras, se elas sabem quanto custa uma vaga no STF. “Presta atenção, pessoal. Quanto você acha que vale a vaga para o Supremo Trib…?”, disse Bolsonaro antes de ser avisado que estava sendo transmitido. Rapidamente, o presidente mudou de assunto.
A ABJD pede que o presidente informe se tem conhecimento de pagamentos de propina, utilizando como método dinheiro escondido em caixas de sapato, no âmbito da administração pública direta ou indireta e, em caso positivo, se possui prova dos fatos.
Também quer que informe se sabe de pedido, exigência de pagamento, promessa financeira ou recompensa, de quem quer que seja, como propina para o preenchimento ou nomeação da vaga existente e aberta no STF.
Além disso, a entidade requer que Bolsonaro diga se tem conhecimento se em algum momento lhe foi exigido ou prometido dinheiro, por quem quer que seja, pessoa natural ou pessoa jurídica, em favor de algum nome candidato ou pretenso candidato à vaga aberta no Supremo.
“Os esclarecimentos são absolutamente necessários com o propósito de buscar informações detidas sobre a manifestação de Bolsonaro, visando eventual e futura apuração de possíveis violações legais, quer no âmbito da administração pública, quer nas esferas penais e civis”, justifica a ABJD.
Clique aqui para ler a petição
–
Protesto do dia 3 de julho de 2021. Foto: redes sociais