No ClimaInfo
No mesmo dia em que o Brasil ficou sabendo que o desmatamento da Amazônia em 2021 foi o maior em uma década, o presidente do país comemorou a redução quase total (80%) nas multas ambientais. O elogio à destruição ambiental se deu em discurso na abertura do Circuito Agro, do Banco do Brasil – e não foi o único descalabro proferido. Segundo O Globo, ele celebrou a flexibilização do porte de armas dentro das propriedades rurais. Também criticou as demarcações de Terras Indígenas, de acordo com o Poder360. E alegou que “a ação do MST foi praticamente anulada”. Sobre o MST: no último dia 14, ele declarou que o movimento não invadirá terras caso o excludente de ilicitude seja aprovado pelo Congresso e o Correio Braziliense lembrou em sua matéria que, “na prática, o excludente de ilicitude é uma espécie de salvaguarda jurídica para policiais que, porventura, matarem em serviço”. O tom de aceno ao “agro-ogro” foi destacado pelo Estadão, que informou um dos próximos palanques presidenciais: a inauguração da Ferrovia Norte-Sul.
Enquanto isso, no mundo real, a União Europeia avança na proibição de toda a importação de alimentos provenientes de áreas consideradas em risco de desmatamento, independentemente de serem legais ou ilegais. A clivagem entre as reclamações do agro e a realidade é analisada em artigo na Folha por Leonardo Stanley, pesquisador associado no Centro de Estudos do Estado e da Sociedade – Ceces (Buenos Aires).
Do outro lado do Atlântico, a situação também não é das melhores. O desmatamento estreitou as portas dos EUA para o Brasil. Para contornar a situação, o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, busca os governos subnacionais. Onde o negacionismo da ciência é mais disseminado, como Carolina do Sul e Geórgia, ele teve sucesso na interlocução com o governo local. Em estados controlados pelos democratas, como Carolina do Norte e Connecticut, a agenda do embaixador se limitou a visitas a fábricas, universidades e centros de pesquisa locais. A Folha detalhou o road show de Forster.