Comunidades Geraizeiras recebem representantes do Estado e equipe de estudiosos para abertura dos trabalhos do Relatório Antropológico em MG

Nos dias 06 e 07 de maio, as comunidades Geraizeiras do norte de Minas Gerais se reuniram para dar início aos trabalhos da construção do Laudo Antropológico do seu território dos Núcleos de Lamarão e Tinguí.

“Animados pela Fé, e bem certos da vitória, vamos fincar nosso pé e fazer a nossa história e fazer a nossa História, animados pela fé!”

Na CPT

Estavam presentes a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), representada por Gideão Cardoso Mendes, assessor técnico na Superintendência de Arrecadação e Gestão Fundiária e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE), representada por Cléver Alves Machado, coordenador estadual de promoção da Igualdade Racial e ainda as equipes técnicas multidisciplinares da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenadas pelos professores Aderval Costa Filho (UFMG/BH) e Hélder dos Anjos Augusto (UFMG/Montes Claros).

Um dia histórico para a luta do povo Geraizeiro, que percorreu um longo caminho para que esse momento se tornasse realidade. Com o apoio e acompanhamento da CPT, as comunidades se organizaram e enviaram os ofícios solicitando que emendas parlamentares fossem utilizadas para viabilizar a construção dos laudos. As solicitações foram atendidas e apoiadas pelos mandatos dos deputados federais Patrus Ananias e Padre João.

Memória desse processo

O Território Geraizeiro se localiza no Norte do sertão de Minas Gerais e vem passando por processos de violações de direitos desde a década de 1970, com a chegada da monocultura de eucaliptos à região, incentivada pelo Governo do Estado, que ocupou as chapadas, áreas de uso comum dos geraizeiros, expulsando as famílias de suas áreas. A região também é marcada por um processo escandaloso de grilagens de terras por empresas e latifundiários. As comunidades que são apoiadas e acompanhadas pela CPT, fortaleceram sua organização e lutam para que possam garantir a permanência das famílias em suas áreas. Em julho de 2018, 73 comunidades foram formalmente reconhecidas pela CEPCT’s (Comissão Estadual para o Desenvolvimento de Povos e Comunidades Tradicionais) e de lá para cá a luta é para que o estado faça a regularização do Território. Os processos com os pedidos para a regularização fundiária dos três núcleos do território: Josenópolis, Lamarão e Tinguí, já estão abertos no estado desde 2018 e desde então as comunidades aguardam o início desse processo.

As comunidades que vêm tendo seus direitos violados de forma recorrente desde a década de 1970, têm enfrentado, também, desde 2012, a luta contra a mineração, contra a mineradora Chinesa SAM Sul Americana de Metais S/A, que pretende se instalar no território e usar a água que ainda resta para lavar minério de ferro.

Em sintonia com as comunidades, lutamos juntos em defesa da nossa casa comum, porque percebemos que fazemos parte de uma única família humana e estamos todos e todas conectados, na luta em defesa do chão sagrado dos territórios tradicionais, das nossas águas tão cobiçadas pelo monstro Mineração, na luta contra a fome que assola nossos irmãos e irmãs, tanto no campo quanto na cidade, e na luta pela garantia de permanência dos povos em seus territórios para sua reprodução social, cultural, histórica e humana. Os desafios e ameaças continuam gigantescos e se fazem presente na luta e na vida do nosso povo em suas mais variadas formas, porém maior ainda é nossa esperança e utopia de que possamos lutar pela construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária.

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