Grandes fabricantes de maquinário faturam com desmatamento e garimpo na Amazônia

ClimaInfo

As máquinas que operam no garimpo amazônico não são equipamentos simples e baratos. Elas são caríssimas, na casa das centenas de milhares de reais (e algumas com preços superiores a R$ 1 milhão), e são fabricadas por gigantes do maquinário agrícola, como Hyundai, Caterpillar e John Deere. Esse fato nos leva a duas constatações: primeiro, a atividade garimpeira moderna está distante da imagem “artesanal” que seus defensores, inclusive dentro do governo federal, tentam vender ao público; e, segundo, que existe um fluxo brutal de dinheiro nas operações de compra, venda, locação e manutenção desse maquinário.

Repórter Brasil publicou um relatório que aponta o elo entre a destruição da floresta e os grandes fabricantes de maquinário, tanto para atividades agrícolas como também para a chamada linha-amarela (tratores de esteira, retroescavadeiras, pás-carregadeiras, escavadeiras hidráulicas etc.). O documento identificou pelo menos 19 marcas em equipamentos apreendidos e/ou destruídos em operações de fiscalização nos últimos cinco anos.

Nem as fabricantes nem as concessionárias e revendedoras possuem uma política relativa à venda e locação desses equipamentos com base na atividade econômica em questão, o que favorece os negócios com criminosos ambientais. Algumas dessas operações comerciais são financiadas por bancos públicos e privados, até mesmo pelo BNDES.

Entre os usos aplicados pelos criminosos a essas máquinas, está a abertura de clareiras e de pistas de pouso clandestinas no meio da floresta. Como assinalado por um levantamento recente, existem pelo menos 362 pistas clandestinas que possuem indícios de garimpo em seu entorno na Amazônia Legal; ao todo, o número de pistas irregulares supera os 1,2 mil. “É impressionante quando você vê no meio da floresta o desmatamento e quando se aproxima vê também as pistas de pouso”, disse Rômulo Batista, do Greenpeace Brasil, ao canal My News.

Em tempo: A reação irritada da sociedade civil à proposta da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) para retirar o Brasil da Convenção 169 na OIT fez com que grandes mineradoras “tirassem seus times de campo”, tentando se afastar do vespeiro. Lembrando: por esse acordo internacional, o Brasil se comprometeu a garantir aos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais o direito de consulta prévia, livre e informada em relação a empreendimentos econômicos no entorno de suas Terras. Para a turma da FIEPA, essa exigência seria “nefasta e inibidora do desenvolvimento nacional”. A SIMINERAL, que reúne as mineradoras que operam no Pará, declarou em nota que o manifesto da FIEPA “não reflete o posicionamento do setor mineral, que tem como compromisso promover a mineração sustentável e socialmente justa”. A entidade reafirmou que “as atividades desenvolvidas pelas empresas associadas estão baseadas nos princípios da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (UNDRIP) e da Convenção 169 da OIT”. O Observatório da Mineração deu mais detalhes.

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