Mulheres indígenas mostram sua força no governo e no Congresso

ClimaInfo

Com Sonia Guajajara comandando o Ministério dos Povos Indígenas e Joenia Wapichana à frente da FUNAI, as mulheres indígenas já haviam conquistado um espaço inédito de poder na história política brasileira. E a força feminina indígena vai crescer ainda mais, com a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) liderando a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas na Câmara dos Deputados.

O pedido de recriação da frente – que foi comandada por Joenia na legislatura anterior – contou 203 assinaturas de parlamentares e foi protocolado na terça-feira (7/3). Agora, de acordo com o g1, basta apenas um despacho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para que a frente volte a ser uma realidade.

Célia Xakriabá é a primeira indígena eleita para a Câmara por Minas Gerais. Em entrevista à CBN, ela disse que a recriação da frente foi uma vitória, porque o movimento seria “golpeado por parlamentares que não estão ligados à causa indígena”.

“Não precisamos de deputados que defendam o desmatamento, a mineração, o garimpo, o projeto de destruição. Precisamos de um parlamento que trate as emergências, a questão climática, o desmatamento, o combate ao feminicídio. Não se trata de pautas progressistas. As pessoas que não se sensibilizam com a questão Yanomami, com a mineração em Minas Gerais, não são adversários políticos, são adversários humanitários”, reforçou Célia.

O grupo pretende promover um debate técnico e político sobre pautas que afetam os indígenas. Uma delas é o Projeto de Lei (PL) 490/2007, que legaliza a tese do marco temporal, pela qual os Povos Originários somente podem reivindicar a demarcação de áreas já ocupadas por eles desde antes da promulgação da Constituição Federal de 1988.

Defendida pela bancada ruralista, a pauta é uma das mais combatidas pelas lideranças dos Povos Tradicionais. E voltou à cena recentemente, a partir de uma articulação de parlamentares interessados em agilizar a tramitação da matéria na Câmara, informa o Brasil de Fato.

“O governo atual tem um discurso de preocupação ambiental, colocou como ministras mulheres que são reconhecidas por suas lutas pelo meio ambiente e Direitos Humanos“, declarou ao Metrópoles a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, mais conhecida como Neidinha Suruí.

Em tempo: O estilo de vida das mulheres faz com que elas emitam menos gases de efeito estufa do que os homens, segundo um artigo da economista Oriane Wegner, da Unidade de Economia do Clima do Banco Central da França. “Há estudos que mostram as disparidades de gênero nos comportamentos responsáveis pela origem das emissões de gases de efeito estufa e nas consequências das mudanças climáticas”, explicou ela à AFP. Entretanto, Wegner admite que mais do que o gênero, o nível de renda exerce “um papel mais importante”, assim como o local de residência —urbano ou rural. O Público também repercutiu o artigo.

Bruna Menezes / PSOL na Câmara

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