Um estudo internacional que envolveu 80 pesquisadores da América do Sul e da Europa analisou os efeitos do aquecimento global sobre a Floresta Amazônica, enfocando principalmente como o clima mais seco pode comprometer a capacidade de regeneração natural do bioma. A conclusão é preocupante: os impactos da mudança do clima podem ser ainda piores do que o estimado até agora.
De acordo com a análise, as regiões oeste e sul da Amazônia podem sofrer os impactos mais significativos, com um risco maior de colapso em função da escassez de chuvas e da temperatura média mais alta. Alguns desses efeitos já estão sendo sentidos na floresta: no sul amazônico, há evidências de que a estação seca se tornou mais longa e as temperaturas nessa região aumentaram mais do que em outras partes da Amazônia.
Curiosamente, o sul da Amazônia também foi a região em que os autores encontraram a maior capacidade de adaptação climática das árvores. No entanto, além do clima mais quente e seco, o desmatamento intensivo contribui para a vulnerabilidade ambiental dessa área.
Isso também tem efeitos sobre a capacidade de armazenamento de carbono: em toda a Amazônia, o estudo estimou que a floresta armazena entre 10% e 15% do carbono armazenado globalmente por vegetação. No entanto, na porção sudeste amazônica, a junção de seca com desmatamento está comprometendo essa capacidade, e as árvores desta região já não conseguem mais armazenar carbono na mesma escala.
“Muitas pessoas pensam na Amazônia como uma grande floresta. Mas não é. Ela é formada por inúmeras regiões florestais que abrangem diferentes zonas climáticas, desde locais que já são muito secos até aqueles que são extremamente úmidos”, explicou a pesquisadora Julia Tavares, da Universidade de Uppsala (Suécia). “Queríamos ver como esses diferentes ecossistemas florestais estão lidando para que pudéssemos começar a identificar regiões que estão em risco particular de seca e condições mais secas”.
O estudo foi publicado pela revista Nature. Correio Braziliense e Science Daily deram mais informações.
–
Erika Berenguer – Rede Amazônia Sustentável