A vinda dos agentes foi uma das medidas contra o crime acordadas entre os governos federal e do Rio de Janeiro depois do flagrante do treinamento de criminosos no Complexo da Maré
Por Bette Lucchese, RJ2
A partir desta quarta-feira (11), mais de 200 agentes da Polícia Rodoviária Federal vão reforçar o patrulhamento nas estradas do RJ. A vinda dos agentes foi uma das medidas contra o crime acordadas entre os governos federal e do Rio de Janeiro depois do flagrante do treinamento de criminosos no Complexo da Maré.
Já a chegada da Força Nacional ainda depende de um acordo entre Governo Federal e Ministério Público.
Na tarde desta terça, o RJ2 percorreu a Rodovia Washington Luiz até Saracuruna, na Baixada e não constatou a presença de segurança reforçada.
A equipe também esteve na Via Dutra. Havia apenas uma equipe da Polícia Rodoviária Federal perto do entroncamento com a Avenida Brasil.
A Polícia Rodoviária Federal informou que, normalmente, as equipes não ficam em pontos fixos e se deslocam o tempo todo.
Duzentos e quarenta agentes, que vieram de vários estados do país, ainda não começaram a trabalhar nas rodovias. Nesta segunda e terça, eles receberam orientações sobre o policiamento e a fiscalização. O reforço está previsto também para o Arco Metropolitano.
A PRF vai permanecer apenas nas áreas de atuação dela, ou seja, nas rodovias federais. As vias de acesso continuam sendo patrulhadas pelas forças do estado.
Chegou a se cogitar que a PRF também atuaria na Avenida Brasil, depois que bandidos usaram bombas pra atacar um ônibus na via expressa, duas semanas atrás.
Força Nacional: onze dias de impasse
Onze dias atrás, o Governo Federal e o Governo do RJ anunciaram uma ação emergencial contra o crime. Desde segunda-feira, forças de segurança fazem operações em comunidades do Rio como a Maré.
Mas, passado esse tempo, ainda permanece o impasse sobre a participação da Força Nacional de Segurança.
Após questionamentos do Ministério Público Federal, no dia 2 de outubro, o Ministério da Justiça suspendeu o envio dos agentes para o Rio.
O MPF quer saber se as ações vão estar de acordo com as regras estabelecidas pela corte interamericana de direitos humanos e pelo Supremo Tribunal Federal – como o uso de câmeras nos uniformes das polícias – medidas que poderiam reduzir a letalidade policial.
Ontem, o Ministério Público Federal enviou um ofício ao secretário executivo do Ministério da Justiça indicando quatro datas possíveis para o encontro, que irá discutir o assunto.
“O MP não é contra qualquer tipo de política que garanta mais segurança a vida das pessoas e das comunidades, desde que isso seja devidamente planejado e que seja efetivo. A nossa preocupação é que a atuação dos entes seja uma atuação baseada em evidências, que seja uma atuação que tenha inteligência e que cause o menor risco possível a vida das pessoas. Então, é salutar o adiamento e tomara que a gente consiga avançar nesse tema”, diz o procurador Julio José Araújo Junior.
Agentes de segurança de outros estados, como PMs e bombeiros, participam da Força Nacional.
De acordo com os planos do Ministério da Justiça, eles devem atuar apenas no entorno das comunidades, dando apoio ao trabalho das polícias do Rio.
A Força Nacional já esteve aqui em 2007 pra ajudar a conter atos violentos e para os jogos panamericanos e também durante a copa do mundo e as Olimpíadas.
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Helicóptero da polícia sobrevoa o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro. CHRISTOPHE SIMON / AFP