Conservacionista britânica e uma das maiores especialistas em primatas do planeta critica exploração de combustíveis fósseis e reforça que humanidade não está imune à extinção.
Jane Goodall é mais do que uma das maiores primatólogas do planeta. Ao partir com a cara e a coragem nos anos 1960, aos 26 anos, para observar chimpanzés nas florestas da Tanzânia, a britânica não apenas desvendou características dessa espécie, como descobriu que a destruição do bioma afetava também a sobrevivência desses primatas. E também a nossa.
A conservacionista de 89 anos visitou o Brasil na semana passada. Esteve com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e sobrevoou garimpos ilegais na Amazônia. Em entrevistas a Folha, Veja e IstoÉ, foi questionada não apenas sobre a destruição da maior floresta tropical do mundo, mas também sobre o projeto de explorar combustíveis fósseis na foz do Amazonas. E foi enfática:
“Não faz sentido. Nós temos que eliminar o petróleo. Se nós não mudarmos, nos unirmos e começarmos a fazer as coisas de maneira diferente, chegará o dia em que será tarde demais. Chegaremos ao ponto de não retorno da destruição ambiental. E, se nos importamos com nossos filhos e os filhos de nossos filhos, então, é hora de tomarmos uma atitude.”
A exploração de petróleo na foz preocupa não só por conta do risco de atividades petroleiras em uma área tão biodiversa e vulnerável. Cientistas e a própria Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) recomendam a suspensão de novos investimentos em combustíveis fósseis para tentar limitar o aquecimento da Terra aos 1,5oC determinados pelo Acordo de Paris. Apesar disso, a corrida por essa fonte suja de energia ocorre não só no Brasil, mas em outros países, como lembrou Goodall.
Ao sobrevoar a Amazônia, a conservacionista pôde observar imensas áreas desmatadas. E chamou atenção para a necessidade de preservar esta e outras florestas tropicais, como as do Congo, que ela diz conhecer melhor, para conter as mudanças climáticas: “São áreas enormes que deveríamos estar protegendo muito melhor, pois suas árvores e vegetação ajudam a absorver o dióxido de carbono”, ressalta Goodall.
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Vincent Calmel/Divulgação