Protesto em São Paulo denuncia massacre de Israel contra crianças palestinas, quase 50% das vítimas

Massacre promovido por Israel na Faixa de Gaza já provocou quase 14 mil mortes evitáveis de crianças palestinas

por Leandro Melito e Pedro Stropasolas, em Brasil de Fato

O Consulado Geral de Israel no bairro Cidade Monções em São Paulo (SP) foi alvo de protesto contra o “genocídio em Gaza” nesta sexta-feira (5), data em que que marca o Dia da Criança Palestina.

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) encerraram a mobilização com uma ação simbólica com a participação de crianças do MST para denunciar o massacre promovido por Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza, que já provocou quase 14 mil mortes evitáveis de crianças palestinas.

“As crianças palestinas estão sendo as mais massacradas por esse genocídio israelense, quase 50% de todos os assassinados nesse genocídio são crianças, então achamos muito importante trazer essa denúncia no dia de hoje”, disse ao Brasil de Fato Cassia Bechara, da coordenação nacional do MST.

Ela destaca que o Consulado Geral de Israel foi escolhido para dar um recado direto ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e denunciar “o genocídio de Israel em Gaza e a ocupação israelense na Palestina”.

“É fundamental que os povos pressionem os governos, é a pressão institucional que pode fazer com que Israel pare esse massacre. É preciso cortar relações diplomáticas e não reconhecer esse estado como legítimo. Isso só pode ser feito pela comunidade internacional, só pode ser feito com pressão nas ruas para que nossos governos não reconheçam esse governo ilegítimo de Israel”, diz Bechara.

O protesto em frente ao Consulado faz parte de uma jornada de lutas convocada pelo MST em todo o país durante o mês de março, em solidariedade ao povo palestino.

“É um ato muito importante, a partir um chamado do MST, em unidade com as várias organizações, com uma comissão de frente com as crianças sem terrinha para lembrar que as vidas das crianças palestinas importam e que essa é uma guerra contra 2,4 quatro milhões de habitantes, onde 40 por cento são crianças. E a maioria das vítimas nesse genocídio são crianças”, afirma Soraya Misleh, jornalista e coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo.

Misleh aponta que a manifestação também reforça a campanha do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o governo de Israel. “Além das palavras, precisamos de ação e pedimos mais uma vez que o Brasil rompa relações com o governo de Israel. Isso é pela vida das nossas crianças também. É uma guerra contra a criança, uma guerra genocida em que todos estão indistintamente sendo atingidos pelas bombas e balas de Israel: mulheres, homens, idosos, crianças. Mas não há nenhuma dúvida de que essa é uma guerra contra crianças e mulheres.”

Para Jamil Murad, ex-deputado federal pelo PCdoB e integrante da executiva nacional do Centro Brasileiro de Solidariedade Aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz), o Consulado de Israel em São Paulo representa um estado “sionista, supremacista, assassino e fascista, um Estado de guerra, que vai ter que se democratizar para conviver com todos os povos”.

Murad aponta que o massacre israelense contra as crianças palestinas tem como objetivo destruir o futuro “não só da criança palestina, mas do povo palestino”. “Isso é inaceitável, é uma agressão ao princípio fundamental da humanidade que é a sua sobrevivência. Esse genocídio tem que ser parado”, defende.

“A criança palestina está sendo barbaramente assassinada em grandes quantidades, é um genocídio. Elas sofrem também porque matam seus pais e muitas ficaram órfãs. Se precisam de uma cirurgia ou amputação, fazem esse procedimento sem anestésico, porque Israel não deixa entrar medicamento, como não deixa entrar alimento, então tem crianças morrendo de fome. Destruíram as suas casas, estão destruindo as suas escolas.”

“Como mãe a gente se sensibiliza com essa situação que está acontecendo, e vem pra rua porque temos o entendimento de que muitas vozes fazendo a luta pelo mesmo objetivo pode alcançar aquelas pessoas que podem fazer algo”, diz Dalva Maria de Oliveira, do Movimento pelo Direito à Moradia (MDM).

Dia da Criança Palestina

O 5 de abril foi escolhido por ser o Dia das Crianças Palestinas. Instituída em 1995 por Yasser Arafat – então líder da Autoridade Palestina – para visibilizar o impacto da ocupação colonial israelense sobre o público infantil, a data foi adotada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Na década atual, Israel – que determinou que a maioridade penal para palestinos seria aos 12 anos – já vinha endurecendo estes maus tratos. Em 2022, o ministro palestino de Detidos e Ex-Detidos, Abdul-Nasser Farawna, disse que o número de crianças palestinas presas por Israel havia crescido 140% entre 2021 e 2020.

No Dia da Criança Palestina de 2023, o ministério disse que 40 delas haviam sido mortas e mais de 800 detidas apenas no período de um ano.

“As demolições de casas, o despejo de palestinos de Jerusalém, o cerco ilegal à Faixa de Gaza, a tortura e as práticas desumanas, bem como a escalada de ataques terroristas armados por milícias armadas de colonos israelenses, devastam a vida das crianças palestinas”, disse o ministério, em abril deste ano.

“Combinadas, estas ações criminosas e práticas ilegais criam uma realidade diária insuportável e traumática para as crianças palestinas que permanecem privadas de qualquer forma de proteção a que têm direito.”

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Militantes do MST em ato simbólico para denunciar o massacre de crianças em Gaza pelas tropas israelenses – Pedro Stropasolas

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