Ineditismo enganador. Por Manuel Domingos Neto

Quando a autoridade civil ordena a prisão de altas patentes envolvidas em tentativa de golpe, o impacto simbólico é fortíssimo. Mas pode ser engodo. Democracia se conquista em confrontos barulhentos. Não é dádiva de tribunal, parlamento, líder carismático ou quartel

No Outras Palavras

O democrata brasileiro alegra-se com a prisão de militares julgados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

A bem da verdade, deve moderar sua alegria. A condenação tanto pode favorecer a revisão do papel das fileiras quanto pode empaná-la. (mais…)

Ler Mais

O poder e a liberdade. Por Luiz Marques

Do banco Master às milícias: como uma elite colonial corrói a República e transforma a liberdade em mercadoria

No A Terra é Redonda

1.

Antigos romanos distinguem várias modalidades de poder: (i) auctoritas, a influência exercida graças a uma autoridade moral; (ii) potestas, a competência dos magistrados e oficiais do governo; (iii) imperium, a ascendência para declarar guerras e comandar os exércitos. Não reduzem o poder à vontade fálica de dominar, como faz a mídia moderna ao psicologizar os conflitos sociais, políticos e econômicos comentando o nervosismo do mercado. (mais…)

Ler Mais

O problema da esquerda é a Segurança? Por Antonio Martins

No Outras Palavras

A disputa eleitoral de 2026 promete eletrizar o país. O ano nem começou e o debate sobre as táticas políticas e eleitorais já está aquecido. No movimento mais recente, figuras destacadas entre a esquerda passaram a argumentar em favor da centralidade de um programa de Segurança Pública para Lula. Em vídeo, o ex-ministro José Dirceu alertou tanto para a urgência de ações contra o crime organizado quanto para a necessidade de elas respeitarem o Estado de direito, diferenciando-se das posições puramente repressoras do bolsonarismo.

Renato Rovai, diretor da revista Fórum, foi além. Para ele, Lula deve criar uma secretaria de Segurança Pública diretamente vinculada à Presidência (portanto, autônoma em relação ao Ministério da Justiça) e colocá-la sob o comando de Ricardo Cappelli, ex-interventor da área no Distrito Federal (após a tentativa de golpe de 2023). Por sua vez, Cappelli, embora à frente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, tem comparecido às redes sociais para falar… de Segurança. Numa série de textos e vídeos, ele sustenta que, ao tratar do tema, a esquerda precisa combinar inteligência e planejamento com uso efetivo da força; que é preciso superar as “visões românticas” e recuperar os territórios hoje controlados por facções criminosas e milícias; e, finalmente, que “este é o último flanco que pode ameaçar 2026”. (mais…)

Ler Mais

Contra o fiscalismo e o quietismo. Por Valerio Arcary 

A verdadeira coragem política reside em navegar a tensão necessária: usar a frente ampla como trincheira tática sem nela se aprisionar, mantendo a estratégia de transformação antineoliberal como bússola

No A Terra é Redonda

 “A audácia sem juízo é perigosa, e o juízo sem audácia, inútil”
(Tácito, historiador e político romano).

1.

Diz uma velha sabedoria que quem não sabe contra quem luta não pode vencer. A luta política não pode ser reduzida aos limites mais imediatos das disputas táticas. O centro da estratégia política é a luta pelo poder. A luta pelo poder tem como premissa a conquista do governo. Nas atuais condições da correlação social de forças no Brasil a questão central é o desenlace das eleições de 2026. (mais…)

Ler Mais

O jantar da CONIB. Por Paulo Sérgio Pinheiro

O manto de uma solenidade comunitária pode esconder a farsa perigosa que une o supremacismo de um Estado estrangeiro ao projeto autoritário da extrema direita local

A Terra é Redonda

1.

A CONIB (Confederação Israelita do Brasil), principal organização do lobby sionista no país, nunca reconheceu que Israel cometeu genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza, fato já apontado pela Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado, presidida pela ex- Alta Comissária de Direitos Humanos Navi Pillay. (mais…)

Ler Mais

Letalidades e atrocidades. Por Eugênio Bucci

A democracia se esvai quando o poder público, que deveria proteger, se torna o agente de um terror que divide a cidade entre os que têm direito à vida e os que são relegados ao fuzilamento

No A Terra é Redonda

1.

“A ditadura segue presente nas periferias”. A frase estava no pequeno cartaz que me fez companhia na Catedral da Sé, na noite de sábado, 25 de outubro, durante o culto inter-religioso em memória dos 50 anos de assassinato de Vladimir Herzog. Era um cartaz em papel bem firme, plastificado, quase do tamanho de uma página de jornal. (mais…)

Ler Mais

A estratégia da barbárie: A chacina como contraofensiva da extrema-direita. Por José Maurício Domingues

Diante da perspectiva de derrota, a extrema-direita aciona seu projeto final: substituir a política pela barbárie, usando o cadáver do pobre como palanque para uma guerra pela alma do país

No A Terra é Redonda

A política é uma atividade humana das mais dinâmicas que se conhece. Qualquer um que dela participe com algum grau de dedicação ou ao menos de atenção sabe que os agentes não ficam parados assistindo uns aos outros se moverem, sobretudo quando se está perdendo. Já se disse inclusive como nuvem. Assim, as contraofensivas devem ser sempre esperadas quando algum agente se vê sobrepujado em algum momento. Se muitos podiam talvez imaginar que a situação política e eleitoral de 2026 estava resolvida com a condenação do golpista Jair Bolsonaro e o comportamento tresloucado de seu filho Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, com uma aproximação ao menos parcial de Donald Trump com o presidente Lula, isso se provou ledo engano. (mais…)

Ler Mais