Aborto: A insensibilidade dos ternos azuis

Ano passado, país registrou média diária de 126 estupros de menores de 13 anos. Dado não choca arautos do PL 1904 – um caso perverso de desumanização, onde uma moral religiosa, de impingir dor às “pecadoras”, e a secular de dominação política confluem…

Por Lia Zanotta Machado para a coluna da Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS), em Outras Palavras

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. São muitas as mulheres que se tornam mães e que se querem mães. Não há como ser mãe sem modificar corpos e as formas de suas vidas vividas. Saúde e vida podem estar em risco. Por isso a primazia do querer das mulheres e das pessoas que gestam em relação à maternidade e à interrupção da gravidez. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres? (mais…)

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Olímpio Moraes: CFM é perigo à sociedade

Médico que é referência na garantia do direito ao aborto no país analisa os últimos ataques da ultradireita. Critica a entidade médica e seu papel nessa situação. E defende a interrupção da gravidez ampla, para que mulheres não sejam presas ou mortas

Olímpio Moraes em entrevista a Gabriel Brito, em Outra Saúde

Olímpio Moraes, médico ginecologista há 38 anos, é diretor do Hospital da Universidade de Pernambuco e seu Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros (Cisam), mais conhecido como Maternidade da Encruzilhada. Sua história recente é de enfrentamento contra a cruzada ultraconservadora da militância antiaborto e dita “pró-vida”. Tal corrente chegou ao comando da política de saúde no país no governo Bolsonaro e foi responsável pela portaria 2165/2020, que recrudescia a legislação do aborto legal e tornava obrigatória a notificação à polícia de procedimentos aprovados clinicamente. E foi na maternidade dirigida por Moraes onde se concluiu o marcante episódio da perseguição comandada pela então ministra dos direitos humanos, Damares Alves, que tentou constranger a realização do aborto legal de uma menina capixaba de 10 anos, poucos dias após a edição da portaria. (mais…)

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Após “PL do Estupro”, políticos bolsonaristas têm novos projetos que ameaçam aborto legal

Parlamentares tentam avançar projetos enquanto PL que equipara aborto com mais de 22 semanas a homicídio não é votado

Por Mariama Correia | Edição: Bruno Fonseca, em Agência Pública

Poucos dias depois de o Congresso Nacional ter recuado na urgência da votação do Projeto de Lei 1.904 de 2024 – que equipara a interrupção da gestação com mais de 22 semanas ao crime de homicídio, mesmo em casos de violência sexual –, parlamentares bolsonaristas colocaram em tramitação outros dois projetos de lei que ameaçam o direito ao aborto legal em casos de estupro. (mais…)

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Autor do PL do Estupro se envolveu em acidente que matou idosa. Não houve investigação

Sóstenes Cavalcante teria causado uma colisão no trânsito, em 2022. BO foi retificado, segundo PRF

Por  Amanda Audi | Edição: Mariama Correia, Agência Pública

Autor do Projeto de Lei 1.904 de 2024, conhecido como “PL do Estupro”, que equipara o aborto após 22 semanas a homicídio, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) envolveu-se em um acidente de trânsito em 2022, que resultou na morte de uma idosa. Nunca houve investigação sobre o acidente. (mais…)

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Comentários de uma velha professora sugeridos pela nota da CNBB a respeito da PL 1904/2024. Por Ivone Gebara

IHU

“Há que constatar que os homens políticos e os prelados ignoram de fato e de direito o que se passa nos corpos das mulheres. Atrevem-se a legislar em seu nome e em nome de seu deus numa ousadia extrema de apropriar-se do Mistério Maior que nos constitui e que não cabe em nossos pobres e atrevidos conceitos. E creem ingenuamente, estar evitando a morte e escolhendo a vida numa espécie de jogo de palavras, de retórica inconveniente ao sacrifício da vida de tantas meninas e jovens estupradas e expostas ao julgamento de elites masculinas e até mesmo femininas”, escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso. (mais…)

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Nota sobre a politização da Presidência da CNBB. Por Pedro A. Ribeiro de Oliveira

IHU

“É preciso não ter medo nem vergonha de fazer política – forma sublime da Amizade Social, como diz Francisco na Fratelli Tutti, seguindo o ensinamento de seus antecessores – mas não fazer qualquer política: a política deve ser pautada pela Ética do Bem Comum”, escreve Pedro A. Ribeiro de Oliveira.

Pedro A. Ribeiro de Oliveira é doutor em Sociologia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica. Foi professor no mestrado em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas – PUC Minas, consultor de ISER-Assessoria, membro da diretoria da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER e da coordenação nacional do Movimento Fé e Política. Dentre suas obras, destacamos Fé e política: fundamentos (Ideias & Letras, 2004), Reforçando a rede de uma Igreja missionária (Paulinas, 1997) e Religião e dominação de classe (Vozes, 1985). (mais…)

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