Patrocínio e censura no Brasil: o caso Ilan Pappé. Por Ricardo Queiroz Pinheiro

Ao ceder a pressões e tentar silenciar vozes como a do historiador anti-sionista, instituições culturais como o Teatro Municipal de SP e o Sesc praticam censura camuflada. Quando o poder silencia debates incômodos, não há democracia, mas cumplicidade com a opressão

Em Outras Palavras

A conturbada passagem de Ilan Pappé pelo Brasil vem expondo com brutal clareza como a cultura é um território de disputas — apesar do discurso fraudulento que a coloca no campo da neutralidade. Pappé, historiador israelense conhecido por sua crítica incisiva ao projeto sionista e pela denúncia sistemática do apartheid imposto à Palestina, desembarcou no país a convite da Editora Elefante. Sua presença, em qualquer democracia minimamente respirável, deveria ser recebida como oportunidade de escuta e debate. Mas encontrou portas fechadas, contratos rompidos e silêncio orquestrado. (mais…)

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Como escritores, editoras e Academia Brasileira de Letras apoiaram ditadura militar

Nomes como Rachel de Queiroz e Rubem Fonseca e editoras como Record ajudaram no roteiro do golpe e seus desdobramentos

Por Sérgio Barbo | Edição: Bruno Fonseca, Agência Pública

Não foi só o front dos militares que sustentou a ditadura brasileira de 1964. Uma outra fronteira, a literária, também ajudou a manter o apoio ao regime. “Nós não gostávamos de Jango, de forma que derrubá-lo foi uma boa ideia”, declarou a escritora Rachel de Queiroz em entrevista à TV Câmara, em maio de 2000. Ao lado de Rachel estavam autores e intelectuais de renome, como Rubem Fonseca, Gilberto Freyre, Dinah Silveira de Queiroz, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Austregésilo de Athayde. Compartilhavam a mesma trincheira ideológica, as editoras Record, José Olympio, Agir, O Cruzeiro, Globo, Bloch, Ao Livro Técnico e GRD – de Gumercindo Rocha Dórea. (mais…)

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O macarthismo identitário. Por Luis Felipe Miguel

Moção da ANDES para censurar professor da UFBA mostra que liberdade acadêmica está ameaçada por dentro 

Em Amanhã não existe ainda/Substack

No último dia 10, a diretoria do ANDES (Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior-Sindicato Nacional) divulgou nota em solidariedade à professora Lígia Bahia, que está sendo perseguida pelo Conselho Federal de Medicina, pelas críticas que fez e faz ao negacionismo que nele grassa. A nota exalta “a liberdade de expressão, a liberdade de pesquisa e a liberdade de cátedra, esta última prevista no artigo 206 da Constituição Federal, ou seja, um princípio constitucional que garante à(ao)s professora(e)s a autonomia para ensinar e discutir ideias, sem interferências externas”. Dou meus parabéns ao ANDES, pela manifestação óbvia, mas necessária. (mais…)

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Coalizão em Defesa do Jornalismo condena decisão da Justiça do Paraná contra Marcelo Auler em ação movida por juíza

Na Abraji

O jornalista Marcelo Auler teve parte de seus bens bloqueados, por uma decisão da Justiça do Paraná que censurou algumas publicações feitas por ele, em um processo movido por uma magistrada do mesmo tribunal. Auler sofreu uma condenação de 30 mil reais por danos morais em razão das publicações, que resultaram em um saldo atualizado de mais de 76 mil reais. Um quarto desse valor foi bloqueado de suas contas-salário, atingindo parte de sua aposentadoria, utilizada para o sustento próprio. (mais…)

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As big techs e o fascismo. Por Eugênio Bucci

Zuckerberg subiu na carroceria do caminhão extremista do trumpismo, sem pejo, sem molejo e com sacolejo. A Meta saiu do seu armário de silício para entrar no fanatismo desvairado

Em A Terra é Redonda

Agora ficou escancarado. Depois do pronunciamento que Mark Zuckerberg divulgou na terça-feira, anunciando que cerrará fileiras com Donald Trump para combater os projetos de regulação das plataformas, projetos que ele qualifica de “censórios”, não dá mais para disfarçar. Seguindo o exemplo de Elon Musk, dono do “X”, antes conhecido como Twitter, Mark Zuckerberg subiu na carroceria do caminhão extremista do trumpismo, sem pejo, sem molejo e com sacolejo. A Meta saiu do seu armário de silício para entrar no fanatismo desvairado. (mais…)

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Reportagem da Pública sobre Arthur Lira segue censurada

Moraes reverteu decisão de tirar do ar notícias sobre acusações contra Lira de outros veículos; Pública segue censurada

Agência Pública

Nesta semana, notícias publicadas em anos anteriores sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, voltaram a circular. A pedido da defesa de Lira, o STF determinou que algumas dessas publicações fossem retiradas do ar. Em seguida, o Ministro Alexandre de Moraes voltou atrás na decisão. No entanto, reportagem da Agência Pública sobre o mesmo assunto permanece censurada há 9 meses. (mais…)

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Minha entrevista não foi publicada porque me recusei a confirmar a pauta do repórter. Artigo de Jurandir Malerba

“Ao confirmar que seguíamos por ‘caminhos muito distintos’, os veículos revelam que simplesmente procuravam por alguém, com alguma chancela institucional, que endossasse sua perspectiva liberal, anti-Estado, mercadófila, individualista e  negacionista. Não se tratava de matéria jornalística, mas uma busca de material para a pregação ideológica”, escreve Jurandir Malerba, professor titular de História da UFRGS

por Observatório da Imprensa, no IHU

Sou Professor Titular de História da UFRGS e reporto a seguir um episódio revelador do modus operandi de certos veículos de imprensa brasileiros. Em meio à tragédia que vivemos no Rio Grande do Sul, semana passada um jornalista de veículos reacionários da grande imprensa entrou em contato pedindo uma entrevista sobre a recente tragédia climática no Rio Grande do Sul, quando choveu, em uma semana, dez vezes a média histórica para todo o mês de maio, causando mortes e destruição. As perguntas enviesadas já evidenciavam para onde o jornalista queria levar a matéria: uma crítica da atuação do Estado, louvando ações individuais da “sociedade civil”, reproduzindo a fake de que o “povo” salvou o povo. Em minha devolução, posicionei-me contra o viés inscrito no questionário, não obstante tenha me disposto a respondê-lo, até como um contraponto àqueles que atenderiam às expectativas do editorial. Segue a reprodução integral das perguntas e respostas: (mais…)

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