(De)formação da consciência no sistema do capital. Por Gilvander Moreira[1]

Cada passo do movimento real é mais importante do que uma dúzia de programas” (MARX [1875], 2012, p. 22, em carta a Wilhelm Bracke). Na sociedade do capital, “mundo antagônico ao humano e à vida” (IASI, 2011, p. 9), e especificamente no capitalismo, sistema histórico atual da sociedade em que vivemos, a sociabilidade é organizada em classes – a dos proprietários dos meios de produção (terra, indústria, fábrica etc.) e do capital financeiro, a dos trabalhadores expropriados da propriedade dos meios de produção – classe trabalhadora e campesinato -, uma pequena burguesia, eufemisticamente chamada de ‘classe média’, classes com interesses antagônicos inconciliáveis. A classe dominante, ao dominar, espolia e superexplora cada vez mais a classe trabalhadora e o campesinato. Acontece assim opressão de classe, o que suscita indignação e desencadeia rebeliões fazendo eclodir a luta de classes, que na sua dinâmica articula os aspectos objetivos e subjetivos que podem caminhar para a formação dos trabalhadores enquanto classe proletariada, não apenas como uma classe explorada da sociedade do capital, mas uma classe que se opõe ao capital e pode se tornar portadora de novas relações sociais para além do capital, em um novo tipo de sociabilidade humana emancipada.

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Nacionalidade e racismo em profunda conexão com o capitalismo

Silvio Almeida escreve sobre “Raça, nação e classe”, de Étienne Balibar e Immanuel Wallerstein, clássico sobre a questão racial que mostra de uma perspectiva dialética como a formação das classes é racialmente orientada ao mesmo tempo em que a constituição das raças é economicamente determinada, tendo a nação como ponto de mediação histórica entre ambas.

Por Silvio Luiz de Almeida*, no Blog da Boitempo

Raça, nação e classe nos oferece uma das mais sofisticadas e radicais análises já feitas acerca da questão racial. A força do livro está na análise estrutural do racismo, o que significa dizer que, para além dos diferentes contextos históricos e das diferenças culturais em que a “raça” se manifesta, há um esforço para que questões identitárias saiam da flutuação ideológica e sejam conectadas com o processo de reprodução da sociabilidade capitalista, com seus conflitos, seus antagonismos e suas permanentes crises.

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O lugar da universidade brasileira. Por Marilena Chaui

O exercício e a dignidade do pensamento

Em A Terra é Redonda

“E daí? Não sou coveiro”. Tomo essa declaração como emblema do que pretendo lhes dizer hoje.

1.

Inimigo da tirania, o filósofo Montaigne escreveu um ensaio intitulado “A covardia é a mãe da crueldade”. A covardia, explica o filósofo, nasce do medo do outro que, por isso, deve ser eliminado de maneira feroz. O covarde é impulsionado pelo temor de que o outro, sendo melhor do que ele e corajoso, possa vence-lo e por isso é preciso extermina-lo, seja fisicamente, seja moralmente, seja politicamente. O cruel é um mentiroso porque se apresenta com a máscara da coragem quando, na verdade, habitado pelo medo, é movido pela cólera e não há nada pior para uma sociedade do que um governante cruel e colérico, pois não julga segundo a lei e sim segundo seu medo.

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A Pandemia e o desrespeito à vida: “O povo está sendo matado por falta de conhecimento”. Por Gilvander Moreira[1]

Considero inegável que a espiral de violência e morte que avassala o povo brasileiro é causada pela superexploração do sistema capitalista, máquina cruel de moer vidas, que funciona dia e noite, sob direção da classe dominante que vive no luxo, mas com sangue nas mãos. A elite, por sua vez, goza o luxo e as benesses do poder econômico e político à custa de muito sangue da classe trabalhadora e do apunhalamento das entranhas da mãe Terra gerando extermínio de fontes de água e desertificação de territórios. O mito do progresso e do desenvolvimento econômico só para a classe dominante, que extermina diariamente as condições de vida no planeta Terra, nossa única Casa Comum, gerou a pandemia do novo coronavírus. A ideologia dominante, a crise dos partidos políticos e os falsos religiosos impuseram no Executivo Federal um desgoverno fascista que só sabe matar, tem sede de sangue. Os fascistas continuam no poder pela conivência do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional acovardados que, diante de dezenas de crimes de responsabilidades cometidos por Jair Bolsonaro, seguem não apenas omissos, mas cúmplices da escalada de morte no nosso país, propondo apenas medidas paliativas que disfarçam a crueldade dos mil jeitos de matar em curso e, pior, fazem politicagem diante das lágrimas do povo em desespero. Cegado e anestesiado, até quando o povo aceitará morrer aos poucos sem se rebelar massivamente?

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Boitempo libera série completa com David Harvey no YouTube

Ao longo de seis vídeos produzidos e legendados pela TV Boitempo, o autor discute alguns dos principais temas de seu livro mais recente sobre Marx e o capital no século XXI.

Na Boitempo

Já está disponível, na TV Boitempo, uma série especial sobre o capital no século XXI conduzida por ninguém menos que David Harvey! Ao longo de 6 vídeos legendados em português, o geógrafo marxista discute alguns dos principais temas de seus livros mais recentes, A loucura da razão econômica e Os sentidos do mundo em conversa com seu tradutor Artur Renzo.

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Os intelectuais e a decadência ideológica. Por Mauro Luis Iasi

O que parece incomodar uma certa intelectualidade conservadora que ainda procura preservar seu verniz de sofisticação, é que hoje essa sua função pode muito bem ser exercida por um conjunto de desqualificados e toscos representantes de um conservadorismo tacanho: Mainardis, Olavos, Constantinos et caterva.

No Blog da Boitempo

“Seria possível dizer que todos os homens são intelectuais,
mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais”.
ANTONIO GRAMSCI

Quando Gramsci afirma que todos são intelectuais, assim como em outro momento afirmou que todos eram filósofos, não está abolindo as distinções que se apresentam nas diversas funções específicas presentes na divisão do trabalho. Na sequência da frase que aqui nos serve de epígrafe, o comunista sardo nos diz que alguém pode eventualmente fritar um ovo ou costurar um paletó rasgado sem que com isso se torne um cozinheiro ou um alfaiate.

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