“Violência no campo vai aumentar”, afirma professor da Unesp

Para o geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, os governos são reféns do agronegócio; ele diz que o campo hegemônico do agronegócio define cargos, mas um governo progressista pode criar políticas que fortaleçam os excluídos, em uma reforma agrária “possível”

De Olho nos Ruralistas

Movimentos e intelectuais do campo da resistência costumam dizer que no Brasil nunca ocorreu uma reforma agrária que efetivamente desconcentrasse a propriedade de terras. Para o professor Bernardo Mançano Fernandes, professor livre-docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), o que temos é a reforma agrária possível. Para ele, o campo hegemônico do agronegócio e da bancada ruralista define ou aprova, por exemplo, quem será o nome à frente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A vantagem de um governo progressista é a de poder criar políticas públicas que fortaleçam comunidades e povos excluídos; e que, no médio e longo prazos, isso possa corroer o poder hegemônico. Mançano tem entre seus temas centrais de estudo o capitalismo agrário, a reforma agrária, desenvolvimento territorial, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Via Campesina. O pesquisador aponta os movimentos sociais como impulsionadores da reforma agrária — por isso as tentativas fracassadas de criminalização, como a CPI do MST. Ele prevê mais violência no campo com o aumento das armas, mas acredita que o modelo destruidor vigente está se esgotando.  “O agronegócio não é sustentável, está morrendo; as forças populares estão nascendo”.  Confira a entrevista concedida em agosto a Alceu Luís Castilho e Nanci Pittelkow. (mais…)

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Câmara dá dupla vitória ao agro no mercado de carbono

Depois de excluírem atividade de regulação, ruralistas querem receber créditos de carbono para cumprir a legislação que eles tentam derrubar

Observatório do Clima

O PL 2.148, aprovado na Câmara dos Deputados por 299 votos a 103 nesta quinta-feira, no apagar das luzes do ano legislativo, cria uma situação paradoxal: o Brasil se torna caso raro de país que estabelece um regime de “cap-and-trade” (limitação e comércio de emissões) no qual um setor importante da economia pode ganhar “trade” sem se submeter ao “cap”. A ganância da bancada ruralista e dos desenvolvedores de projetos de carbono para poder gerar créditos em propriedades rurais produziu um texto legal que tira a credibilidade do REDD+ no país e pode dificultar a captação de recursos internacionais. (mais…)

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Invasores de Terras Indígenas ajudaram a derrubar veto ao Marco Temporal

Três parlamentares com fazendas incidentes em TIs comemoraram a votação; outros 17 receberam doações de pessoas com terras sobrepostas, conforme o dossiê “Os Invasores”; 75% dos votos no Congresso saíram da bancada ruralista; Apib aponta interesse direto de Arthur Lira no tema

Por Carolina Bataier e Nanci Pittelkow, no De Olho nos Ruralistas

Dos 312 parlamentares integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), 282 votaram contra os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Marco Temporal. A bancada ruralista garantiu 75% dos votos para a derrubada dos vetos, que representa maior facilidade para a invasão de terras indígenas e põe em risco os direitos dos povos originários do Brasil. (mais…)

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Ruralistas temem repercussão na COP28 e adiam análise de vetos do marco temporal

Bancada ruralista garante que vetos serão derrubados na próxima sessão; indígenas veem adiamento como positivo

Murilo Pajolla, Brasil de Fato

O Congresso adiou novamente a análise dos vetos do presidente Lula (PT) à lei do marco temporal das terras indígenas. A sessão conjunta entre deputados e senadores que estava marcada para esta quinta-feira (23) foi cancelada, em meio a uma falta de acordo entre lideranças do Senado sobre quais vetos seriam derrubados. (mais…)

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Lideranças denunciam: “seguranças da Agropalma matam um indígena e ferem outro no Vale do Acará”

Por Paulo Jordão, no Ver-O-Fato

O índio Agnaldo, da etnia Turiwara, foi assassinado a tiros ao amanhecer desta sexta-feira (10), dentro das terras que a empresa Agropalma diz ser dona, na divisa dos municípios do Acará com Tailândia, na região do Baixo Tocantins, nordeste paraense. Outro índio, Jonas, escapou de morrer por pouco, mas foi ferido na cabeça, perto de um dos olhos. (mais…)

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Fala de Caroline de Toni sobre “banho de sangue” ganha repercussão jurídica

Apib e deputado Túlio Gadelha (Rede-PE) acionam Ministério Público e Procuradoria após declaração da coordenadora jurídica da Frente Parlamentar da Agropecuária; líder indígena destaca relação entre ameaças de parlamentares e ataques aos territórios

Por Nanci Pittelkow e Bruno Stankevicius Bassi, em De Olho nos Ruralistas

As falas violentas e ameaçadoras da deputada Caroline de Toni (PL-SC) durante uma coletiva de imprensa promovida pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em 27 de setembro, geraram uma reação imediata do movimento indígena e de membros do Congresso. Na ocasião, a líder ruralista comentava a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou a tese do Marco Temporal inconstitucional, conforme revelado pelo De Olho nos Ruralistas: “Coordenadora jurídica da FPA promete “banho de sangue” se Marco Temporal não se tornar lei“. (mais…)

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Agro emplaca demandas em projeto de lei do mercado de carbono; entenda quais

Governo fez concessões em PL do mercado de carbono; principal ponto veio de frente com ex-ministra Tereza Cristina (PP)

Por Texto: Anna Beatriz Anjos | Edição: Ed Wanderley, em Agência Pública

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado aprovou, na quarta-feira (4), o projeto de lei que pretende criar o mercado de carbono regulado no Brasil (PL 412/22). Para que isso fosse possível, a relatora da matéria, senadora Leila Barros (PDT-DF), e o governo federal, que trabalhou intensamente na elaboração do texto nos últimos meses, fizeram concessões ao agronegócio. (mais…)

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