WikiFavelas: Radiografia do poder miliciano

Dicionário de Favelas Marielle Franco mostra a ascensão das milícias e como opera o controle territorial armado no RJ. Na esteira da “guerra às drogas”, elas capitalizaram a cultura do medo. Diversificaram seus “negócios” e miram a política

por Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Pública e Direitos

Moïse Kabagambe, refugiado africano, trabalhador precarizado, negro, foi assassinado à luz do dia e aos olhos de muitos em um quiosque na orla da Barra Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Seu assassinato, pelas mãos de homens brancos a marretadas, nos conta um tanto sobre como o racismo estrutural deste país impede qualquer tipo de interação social do corpo negro sem ser criminalizado ou estigmatizado. Além disso, nos conta sobre os ilegalismos e suas territorialidades na cidade do Rio de Janeiro, diante do fato que de tal crime carrega como marca ter sido realizado (e naturalizado) em área de controle territorial das milícias.

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‘Nova UPP’ de Claudio Castro é moeda de troca política, diz pesquisador

Comunidades do Jacarezinho e da Muzema foram ocupadas nesta quarta (19) pelas forças policias fluminenses: “violação de direitos humanos”, afirma Pedro Paulo da Silva, do LabJaca

por Gil Luiz Mendes, em Ponte

A comunidade do Jacarezinho, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e da Muzema, localizada na zona oeste, foram as primeiras a serem ocupadas pelas forças de segurança do governo fluminense como parte do Projeto Cidade Integrada. O programa criado pelo atual governador Cláudio Castro (PL) segue a mesma linha de um plano executado em 2008 pelo então governador Sérgio Cabral (MDB), que tinha como principal marca a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).

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O puxadinho do Jair na segurança pública

Bolsonaro insufla valores autoritários das instituições policiais e dificulta discussão de soluções eficientes para o setor

por Renato Sérgio de Lima*, na piauí

Fechamos 2021 com muitos ainda acreditando que as instituições brasileiras estão funcionando com vigor e são, como o Lexotan de Augusto Heleno, um remédio para conter os ímpetos autoritários do governo Jair Bolsonaro. Mas eles esquecem que, como em todo remédio, há efeitos colaterais que não podem ser desconsiderados ou menosprezados. E, o mais grave, que práticas autoritárias se assemelham aos vírus que passam por mutações oportunistas e/ou às superbactérias que de tanto serem expostas a tratamentos parciais ou incorretos criam resistências e ficam imunes a medicamentos.

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Poderá a universidade acalmar a selvageria das PMs?

Exame do diálogo entre instituições de ensino de todo o país e academias de polícia. Ele revela como a cultura de violência e a aversão à ideia de cidadania formam os policiais. Em sete anos, mortes pela polícia multiplicou quase três vezes

Por Christina Queiroz, na Pesquisa FAPESP | Artes: Juliana Russo

Para contribuir com o aprimoramento de políticas de segurança pública brasileiras, marcadas por características de combate oriundas da cultura militar e aspectos repressivos do direito penal, pesquisadores acadêmicos antes centrados em análises sobre a presença de diferentes manifestações de violência na sociedade começam a olhar para um aspecto específico desse assunto em seu escopo de trabalho: os desafios de organizações policiais. Ao mesmo tempo, profissionais da segurança pública têm investido na carreira acadêmica como forma de identificar soluções para problemas do seu cotidiano e de suas corporações. Em um contexto marcado por dificuldades de diálogo, nos últimos anos profissionais de instituições de segurança e da academia buscam brechas para desenvolver iniciativas de aproximação. Pesquisas recentes resultantes desse movimento permitem propor caminhos para enfrentar desafios envolvendo violência urbana, letalidade policial e morte de agentes.

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E se a solução for extinguir a polícia?

Cresce nos EUA, na esteira do Vidas Negras Importam, a luta por outra segurança pública. A atual, percebe-se, não contém o crime — porque busca calar a revolta das maiorias e preservar o racismo estrutural. É hora de pensar seu fim

Por Keeanga-Yamahtta Taylor*, no The New Yorker| Tradução: Gabriel Rocha Gaspar, em Outras Palavras

As revoltas de maio e junho de 2020 forçaram os Estados Unidos a um ajuste de contas com a profunda marca impressa pelo racismo na sociedade. O linchamento público de George Floyd [ocorrido em 25 de maio] perfurou o véu da segregação, que acoberta a realidade de que milhões de afro-estadunidenses vivem sob o peso sempre crescente da morte. Dezenas de milhares de pessoas negras vitimadas pela rápida disseminação da covid-19; a execução, registrada em vídeo, de Ahmaud Arbery por dois homens brancos na Geórgia; os relatos do brutal assassinato de Breonna Taylor pela polícia de Louisville; e, depois, o terrível homicídio de Floyd em Minneapolis abriram os olhos do grande público para o Estado policial sob o qual vive o país.

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Sobre a brutalidade policial e ações imediatas contra ela

Mortes por PMs crescem até na pandemia. Mudanças no treinamento não são suficientes para diminuí-las. Participação popular na gestão da polícia e a extinção das tropas de elite são medidas emergenciais que podem reduzir a selvageria

por Almir Felitte*, em Outras Palavras

A covid-19 não parece ser o único surto que atingiu em cheio o país este ano. Nas últimas semanas, vídeos de policiais militares esculachando moradores de periferia em São Paulo e casos emblemáticos de cidadãos assassinados em operações de forças de segurança, inclusive crianças, estamparam os noticiários e chocaram o país. Não que a violência policial seja uma novidade no Brasil, que historicamente sempre apresentou índices altos desse problema. Mas, justamente em um momento que o mundo todo contesta sistemas de segurança pública truculentos após o homicídio de George Floyd nos EUA, a coisa parece ter piorado ainda mais por aqui.

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Hora de falarmos sobre a polícia que queremos

Debate sobre Segurança Pública foi capturado pela ultradireita — e sociedade quase nunca vai além das denúncias. Na onda de protestos antirrascistas, oportunidade para a Reforma Policial democrática — com olhar comunitário e desmilitarizado

por Almir Felitte*, em Outras Palavras

O debate sobre segurança pública no Brasil é, talvez, uma das discussões políticas mais recheadas de “terraplanismos”. Direcionado por chavões como “bandido bom é bandido morto” e “direitos humanos para humanos direitos”, o país segue apostando na violência policial e no punitivismo como forma de reduzir a criminalidade e aumentar a segurança, mesmo que o efeito dessa política tenha sido o contrário há décadas.

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